Fim das férias: clima de despedida na cidade

 

Entre tardes na praça, sorvete depois do almoço, barzinhos com amigos e aquela preguiça gostosa, assim foram as férias escolares em Bom Despacho. Tempo de encontros, descanso e de matar a saudade da família e dos amigos.

VITÓRIA AUGUSTA – Agosto chegou ao fim, e com ele vai embora aquele ritmo mais calmo que Bom Despacho só conhece durante as férias escolares. É nesse período que a cidade ganha outra cara: sorveterias cheias, rodoviária movimentada, grupos de caronas agitados, barzinhos animados ao cair da noite e crianças espalhadas por cada cantinho da praça da Matriz e de outras praças. Mesmo não morando mais em Bom Despacho, percebo que, com o novo mês, voltam a rotina, as aulas, o trânsito no centro e aquela correria de sempre que todo mundo conhece bem.

O que mais me chama atenção, como estudante e bom-despachense (mesmo morando fora), é como essas semanas de recesso transformam o dia a dia da cidade, mesmo que por pouco tempo. Tem quem aproveitou para viajar, quem ficou só curtindo a tranquilidade e quem voltou de fora só para matar a saudade da família e dos amigos. Para as crianças, ainda aparecem algumas oficinas, recreações e aquelas tardes preguiçosas nas praças, que ajudam o tempo a passar até ele correr rápido demais. Já os adolescentes costumam ficar entediados, sem ter muito o que fazer além de rodar pelo centro, sentar nos mesmos bancos ou, às vezes, começar a praticar algum esporte só para distrair.

Eu mesma me lembro, quando era criança, das colônias de férias do antigo Sesc, que já não existe mais em Bom Despacho. É uma pena ver que espaços como esse foram desaparecendo aos poucos, deixando um vazio que até hoje não foi preenchido.

É bonito ver as praças cheias de crianças andando de bicicleta, patins e skate, sempre acompanhadas pelos pais ou pelos avós, que acabam fazendo novas amizades ou relembrando histórias antigas. Teve quem inventou brincadeiras novas, quem reviveu as antigas, como queimada, esconde-esconde, pega-pega, amarelinha ou até piqueniques improvisados, e quem entrou na moda de pintar bboys goods ou gravar vídeos para o TikTok. No fim das contas, o importante era ter algo para fazer, distrair e sair da rotina.

Essa também foi uma época que deu uma aquecida no comércio local: sorveterias, lanchonetes, lojas e bares ficaram mais cheios. Até o trânsito pareceu dar uma trégua longe da correria dos dias de aula. Mas, mesmo com tudo isso, não dá para ignorar que Bom Despacho ainda oferece pouco lazer para quem fica. É triste perceber que, muitas vezes, as opções acabam sendo sempre as mesmas: dar eternas voltas na praça ou sentar no mesmo barzinho de sempre, porque falta opção de cultura, esporte ou arte.

Por um lado, a cidade, que é universitária, até ficou mais vazia, já que alguns estudantes voltam para suas cidades natais. Por outro, quem ficou por aqui precisou improvisar ou até buscar diversão em cidades vizinhas, que têm shopping, shows e mais coisas para fazer. Parece que todo ano é igual: a gente descansa, reclama do tédio e, quando vê, já voltou para a rotina sem que nada realmente mude.

Agora, com agosto começando, as mochilas voltam para as costas, o barulho das escolas reaparece e o trânsito fica mais pesado outra vez. O que fica são as memórias desses dias mais leves: o tédio bom, as conversas esticadas na praça, o sorvete depois do almoço e aquele silêncio preguiçoso que só as férias sabem trazer.

Porque Bom Despacho é cidade de abraços, reencontros e lembranças, mas ainda precisa aprender a ser cidade de oportunidades, cultura e lazer para quem cresce aqui. (iBOM / Vitória Augusta é acadêmica de Jornalismo e neta do bom-despachense Bené Peão / Foto: iBOM).

 

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