Alírio Silva: muito mais do que uma tutaméia

 

LÚCIO EMÍLIO JÚNIOR – A Academia Bom-despachense de Letras, como disse o meu amigo escritor Fernando Humberto Resende, fez uma postagem onde percebeu que muitos acadêmicos fortes e atuantes já nos deixaram: Alexandre Aurélio Chaves, Alírio Silva, Jacinto Guerra, Neiva Maria Garbazza, Orlando Ferreira de Freitas, Renato Fragoso, Santina Mendes Costa e Wagner Fideles Campos.

Alírio José da Silva nasceu no Engenho do Ribeiro, em 9 de julho de 1944. Falecido em 28 de março de 2023, escreveu nos jornais locais e publicou um livro de crônicas, Dois Tempos, disponível na biblioteca de Bom Despacho.

Filho de Ninico Quintino e de Nair Rodrigues da Costa, seu pai mudou-se para Ibitira, no município de Martinho Campos, onde viveu até cinco ou seis anos de idade, transferindo-se, em seguida, para Bom Despacho.

Cursou o primário no grupo escolar Coronel Praxedes, concluído em 1955. Não querendo seguir os estudos, seu pai, que na época estava residindo na fazenda Sesmaria, de seu sogro, o levou para trabalhar guiando bois, capinando, carregando gamela de comida na cabeça e outras lidas. O menino morou alguns anos na lida da roça, mas voltou depois de três anos.

Entrou, então, no Miguel Gontijo, onde concluiu o ginásio em 1962. Em 63, fez o Tiro de Guerra; em 64, enquanto cursava o Colégio Estadual, em Belo Horizonte, passou em um concurso para o Banco do Brasil, trabalho extremamente cobiçado e com alto status nessa época. Depois de trabalhar até 1994, aposentou-se e passou a morar em seu sítio Tutameia, nome dado em homenagem a um livro de Guimarães Rosa.

Minha bisavó, Angélica, segundo memórias maternais, utilizava o termo “tutameia” de forma corrente para designar algo sem importância: “isso é uma tutameia”. Como ele comenta em Parabéns, Bom Despacho! O seu amor por Bom Despacho:

Quem já morou ou mora longe de sua terra natal sabe que, de vez em quando, a gente é acometido de uma espécie de banzo, aquela tristeza que, nos porões dos navios negreiros, chegava a ser fatal. Nesses momentos nostálgicos, acentuam-se os mais recônditos sentimentos e, consequentemente, afloram reações inimagináveis (SILVA, 2012, p. 102)

E mais para adiante, ele se define como “jornalista-embrião / (na mesma fase até hoje!) / Que ao lado de companheiros / Lutadores sem igual, inda na mesma batalha) / Sonhavam com teu jornal?”

Felizmente, nosso jornal não é mais sonho, pois existe este Jornal de Negócios. (iBOM / Lúcio Emílio Júnior é filósofo, professor e escritor / Foto de arquivo).

 

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