Vereadores criam privilégios e multiplicam gastos públicos

 

Para cada facada nas costas dos eleitores, os vereadores têm uma explicação simples, aparentemente louvável, mas enviesada. Exemplo: criaram quatorze cargos de livre nomeação, ao custo de R$ 1,8 milhão. Justificaram dizendo que estavam apenas regularizando cargos que já existiam. Estão aumentando as vagas de vereador de 9 para 15. Dizem que é para aumentar a representação da Câmara. A verdade é que é para facilitar a reeleição deles mesmos. Apresentaram projeto de lei para dobrar seus próprios salários. Isto representará mais um gasto de R$ 1,5 milhão nas constas do cidadão. Qual a justificativa?

FERNANDO CABRAL – Em apenas duas reuniões os vereadores aumentaram os gastos do Município em R$ 3,3 milhões. Isto, só com eles mesmos e com os cargos de confiança do prefeito. Não cuidaram da saúde e da educação. Tampouco fiscalizaram denúncias de gastos da Santa Casa, dos alugueis, das contratações, do nepotismo. Quando deixarão de olhar o olhar deles e passarão a olhar o lado da população?

Criação de cargos

Na primeira reunião de 2025, os vereadores criaram quatorze cargos novos para o Executivo. Isto representou gastos adicionais de R$ 1,8 milhão para o bom-despachense. Com esta decisão, cada bom-despachense, do bebê que nasceu hoje, ao seu bisavô que fez 100 anos, todos terão que tirar mais R$ 35,00 para bancar estes cargos.

Esta criação é imoral. É imoral porque se destina a abrigar cabos eleitorais que não foram eleitos e pagar outros correligionários que fizeram campanha para o prefeito. Pode, também, ser ilegal, pois há indícios de desvio de finalidade. O prefeito e os vereadores sabiam que era imoral. Por isto mesmo, divulgaram que estavam apenas regularizando cargos que já existiam, mas estavam irregulares. Não é verdade, pois não existia irregularidade a sanar. Confira CLICANDO AQUI.

A imoralidade começou com o ofício do prefeito, mas foi acatada e acobertada pelos vereadores no relatório das comissões. Em suma, já na primeira votação dos seus mandatos, os vereadores aumentaram os gastos em R$ 1,8 e tentaram esconder o fato da população.

Iniciar o ano e o mandato com aumento de despesas não é um bom sinal.

Compare: Divinópolis tem 240 mil habitantes e 214 cargos de livre nomeação. Bom Despacho, com 51 mil habitantes, passou a ter 172 cargos de livre nomeação. Proporcionalmente, Bom Despacho tem quatro vezes mais cargos de livre nomeação do que Divinópolis!

Vereadores aumentam vagas

Depois de aumentar os cargos e as despesas do Executivo, os vereadores correram em socorro próprio. Propuseram aumentar as vagas de vereador de 9 para 15. Salta aos olhos que já estão com medo de perder nas próximas eleições. Para evitar a derrota, querem aumentar o número de vagas acreditando que isto facilitará que sejam reeleitos.

Mas, para todo político esperto, sempre há uma justificativa nobre para esconder as más intenções. No caso do aumento de vagas, eles estão se justificando dizendo que é para aumentar a representação. Será verdade?

Primeiro, o aumento do número de vereadores não aumenta a representatividade. Isto já foi demonstrado inúmeras vezes. Para os curiosos que gostam de mais ciência e menos balela, recomendo buscar na Internet pelas expressões “Paradoxo de Condorcet” ou “Teoria da Impossibilidade de Arrow”. Vão encontrar uma boa demonstração de como e por quê o aumento no número de vereadores não melhora os resultados para a população.

O que melhora o resultado para a população não é termos mais vereadores, mas termos vereadores competentes, trabalhadores, honestos e transparentes. Por enquanto, os nossos não mostraram isso. Tanto que preferiram apostar no velho truque de aumentar as vagas do que em mostrar resultados para a população.

Não seria melhor fazerem um trabalho bom e honesto, mostrarem respeito pelo dinheiro público, cumprirem sua obrigação de fiscalizar, ganhando assim a aprovação da população e o reconhecimento do eleitor?

A tabela abaixo mostra que a população de Bom Despacho já está altamente representada na Câmara. Pelo menos em números. O que falta é trabalho e dedicação do eleito às suas missões de fiscalizar e legislar em prol da sociedade e não em causa própria.

Cidade / Eleitores por vereador
Bom Despacho / 5.700
Divinópolis / 11.400
Juiz de Fora / 23.000
Belo Horizonte / 61.000
São Paulo / 223.000
Rio de Janeiro / 131.000

O exemplo de Bom Despacho

Nas últimas eleições Bom Despacho exemplificou como o aumento de “representatividade” pode não ser bom. Tivemos 10 candidatos. Em consequência, o prefeito atual foi eleito com apenas 16% dos votos do colégio eleitoral. Isto significa que 84% dos eleitores em condições de votar não o queriam como prefeito. Mas, devido ao grande número de candidatos, a maioria de 84% que não queriam o atual prefeito perdeu para a minoria de 16% que o queriam.

O mesmo acontece na Câmara: quanto maior o número de vereadores, maior a probabilidade de acontecer este tipo de excrecência da maioria perder para a minoria. E mais: maior a chance de diluir entre eles a responsabilidade pelos maus serviços.

Vereadores querem dobrar os próprios salários

Na esteira do aumento das vagas de 9 para 15, os vereadores apresentaram um projeto de lei para dobrar seus próprios salários.

Com isto, criaram mais uma despesa de R$ 1,3 milhão para o bom-despachense pagar. Juntando com R$ 1,8 milhão dos cargos criados no Executivo, em duas semanas eles aumentaram em R$ 3,1 milhões a carga nas costas do cidadão bom-despachense!

Nos gastos, avançaram de forma extraordinária em apenas duas semanas. A população, que esperava diminuição dos gastos inúteis e aplicação do dinheiro em prol de todos, especialmente nas áreas da saúde e da educação, está estarrecida. Há um clima de revolta estampado nas redes sociais.

Isto mostra que os vereadores pisaram fundo no acelerador dos gastos, sem mostrar nenhuma preocupação com o destino do dinheiro público. Estão indo velozmente na contramão.

Reação popular

A farra dos vereadores não está passando despercebida. Os mais afoitos já apostam que, com esta lambança, nenhum será reeleito. É cedo para dizer isto, mas esta já está sendo considerada a pior câmara da história de Bom Despacho. Um título nada invejável que vem ganhando repercussão nas redes sociais. A revolta é grande.

Referendo popular

O cidadão de Bom Despacho tem o direito legal de exigir que as alterações da Lei Orgânica sejam submetidas a referendo popular. Ou seja, elas só entram em vigor se o eleitor permitir. Caso os vereadores insistam em aumentar as vagas e dobrar seus salários, eles terão que se submeter ao voto popular mais cedo, sob a forma de referendo.

Será que vão comprar esta briga do interesse egoísta de nove vereadores contra o interesse de quarenta mil eleitores? (iBOM / Fernando Cabral).

 

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