Língua da Tabatinga faz parte da mostra “Cumbara”, em BH
Começa nesta sexta-feira (21/2), no Centro Cultural da UFMG (Avenida Santos Dumont, 174, centro, Belo Horizonte), a exposição “Cumbara”, idealizada pela professora, poeta e escritora Sônia Queiroz. A mostra apresenta imagens e textos curtos sobre quilombos do século XVIII no interior de Minas Gerais e agrupamentos que atualmente guardam a memória dos antepassados trazidos da África durante a escravidão.
As imagens dos quilombos do século XVIII sãos reproduções digitais de aquarelas produzidas pela “Expedição do Campo Grande, Cayeté, Abayeté e de Paracatu”, feita pelo interior mineiro em 1769 por determinação do Conde de Valadares, então governador das Minas Gerais. A expedição saiu de Vila Rica, antiga capital do Estado, atual Ouro Preto, e veio na direção Oeste, seguindo o caminho de Minas para Goiás, passando inclusive pela região de Bom Despacho. Nesse trajeto os expedicionários fizeram registros de 7 quilombos.
“Os registros da expedição de 1769 mostram como os africanos eram civilizados e tinham organização social”, afirmou para o iBOM a professora Sônia Queiroz. “A exposição Cumbara mostra esses núcleos culturais que contribuíram para a formação da língua e da cultura brasileira, entre eles a nossa Tabatinga”, ressalta a pesquisadora. “É, portanto, uma oportunidade para a gente conhecer uma parte da nossa própria história”, concluiu. O manuscrito original, feito durante a expedição em 1769, está guardado na Biblioteca Nacional.
No dia 7/11/2024, Sônia Queiroz e Maria Aparecida Martins, a Paré, foram entrevistadas no PodBom Podcast sobre a língua da Tabatinga, patrimônio cultural de Bom Despacho/MG. Assista a entrevista AQUI.
Os textos apresentados na Mostra foram escritos por Sônia Queiroz na Língua da Tabatinga falada em Bom Despacho. A palavra “Cumbara” significa cidade.
Na conversa com o iBOM, Sônia Queiroz afirmou que “gostaria muito de montar esta exposição também em Bom Despacho. Pode ser no CAIC, na Biblioteca Municipal ou em outro local da cidade, a depender do interesse da Secretaria Municipal de Cultura”.
Quem é Sônia Queiroz
Sônia Queiroz, filha do médico Roberto Queiroz e da professora Joesse da Silva, é graduada em Letras pela UFMG, com doutorado em Comunicação e Semiótica. Fez dois pós-doutorados, um na Colômbia e outro na Universidade do Estado da Bahia. Escritora, Sônia Queiroz tem vários livros publicados, entre eles “Pé preto no barro branco: a língua dos negros da Tabatinga” (Ed. UFMG, 1998).
A exposição “Cumbara” tem entrada franca e estará aberta de 21/2 a 23/3, de terça a sexta das 9h às 20h e aos sábados, domingos e feriados das 9h às 17h, com curadoria de Fabrício Fernandino, textos de Sônia Queiroz, desenhos aquarelados de Murilo Pagani e mapa de Minas de Rômulo Vianna. (iBOM / Foto: Arquivo PodBom).