Um poema sobre anjo de luz para o Dia das Mães
TADEU ARAÚJO – A Academia Bom-despachense de Letras possui em sua congregação uma plêiade de admiráveis escritores de apreciáveis valores literários. Entre estes, destaca-se a escritora Luiza Garbazza.
No seu belo livro “Onde mora o coração”, editado em maio de 2016, ela abordou, com maestria e profundidade, sua vivência desde a infância, em sua família: o pai, a mãe e 10 irmãos. O foco da narrativa prende se mais na abordagem humana na figura de sua mãe, a quem apresenta e descreve com pinceladas e acontecimentos que emocionam seus eleitores.
Foi nesse livro, que li com vivo interesse, o tocante poema abaixo, que publico nesta edição do Jornal de Negócios, pedindo vênias para dedicá-lo à memória de todas as mães que, como a mãe de Luiza Garbazza, já se encontram no reino de Deus. (Tadeu Araújo Teixeira é professor, escritor, colunista e membro da ABDL).
Anjo de Luz
(Luiza Garbazza, da Academia Bom-despachense de Letras)
Abri os olhos e um anjo de luz se materializou em minha frente.
Sorriu-me, abraçou-me, amou-me.
Chamei-o Mãe.
Amor recíproco e verdadeiro
Um pouco mais a cada dia.
Cuidou-me, alimentou-me, conduziu os meus primeiros passos.
Abri os olhos novamente.
O anjo, ao meu lado, orientava-me pelos caminhos da vida.
Cuidava-me curando as feridas do corpo – tantas e as da alma.
Entre um abrir e fechar de olhos, a mesma imagem – sempre ela –
A ouvir meus anseios,
Minimizar meus medos,
Acompanhando meu caminhar.
Abri meus olhos e lá estava ela a me aconselhar,
A ver-me também como mãe,
E, juntas, meus filhos embalar.
Tudo era por ela: cada minuto, cada feito, cada homenagem.
Era a primeira, sempre, em todas as circunstâncias.
Mas…
Meus olhos se fecharam mais que o necessário.
A vida mudou o rumo das coisas.
Tudo ficou escuro.
E triste, e vazio, e distante.
Abri os olhos e ela não estava mais pressente.
Pisquei os olhos uma, duas, várias vezes.
Não adianta
A luz não aparece.
A voz não mais se faz ouvir.
Meu anjo de luz foi iluminar outros lugares.
Nos olhos, apenas lágrimas, muitas.
No coração, uma dor sem medida.
E um vácuo profundo que nunca será preenchido.
Onde ela estiver, espalhando sua luz, sei que estarei.
E ela, no meu coração, para sempre ficará.
Meu anjo de luz, minha santa, minha mãe:
Maria da Conceição Garbazza, um anjo que dia 16 de junho de 2014,
Voltou para o céu.