Caminho de Santiago: quanto pesa sua mochila?

 

FERNANDO CABRAL – Conheci o alemão Sebastian Frese quando seguia para Santiago de Compostela pelo Caminho Português. Veterano do Caminho, ele me sugeriu seguir pela variante espiritual. Mais propícia à introspecção, ela começa em Ponte Vedra, passa pelo Mosteiro de Armenteira, adentra o Mar de Arousa e sobe o Rio Ulla até Pontecesures. Neste ponto une-se novamente ao Caminho Português mais conhecido.

Refeitório do antigo Seminário onde fizemos nossa última ceia juntos.

Segundo a tradição, foi pelo Rio Ulla que os discípulos de Santiago levaram seu corpo até Pontecesures e dali até Compostela.
Seguimos juntos pela variante espiritual. Em Pontecesures seguimos caminhos diferentes. Mas voltamos a nos encontrar na chegada em Compostela. Lá encontramos também outros companheiros do Caminho. Antes de nos separarmos novamente e seguirmos de volta para nossos países, fizemos a última ceia juntos no refeitório de um antigo seminário ao lado da Catedral de Santiago.

Sebastian, com a inspiração de sua alma peregrina, descreveu assim a experiência do Caminho de Santiago:

No Caminho de Santiago levamos duas mochilas e cada uma delas tem sua razão de ser. A visível pode ser maior ou menor, mais pesada ou mais leve. Talvez o taxista a transporte de um albergue para outro, mas a invisível nós mesmos a carregamos até Santiago. Só o peregrino, no seu âmago, conhece o peso desta mochila invisível que pode superar o peso da visível. É esta mochila invisível que Santiago convida que pousemos a seus pés quando o abraçamos na chegada e por sobre seus ombros contemplamos a Catedral de Santiago de Compostela. (*)

––

(*) O alemão Sebastian Frese leciona espanhol e inglês, é autor de livros didáticos e peregrino. Desde a sua primeira peregrinação em 2009, o Caminho continua a atraí-lo repetidamente. Sebastian mora na cidade de Bederkesa, no norte da Alemanha. Este texto ganhou o primeiro lugar no concurso espanhol de textos sobre o Caminho de Santiago.

(*) No Caminho encontramos gente do mundo todo. Cada um segue no seu passo. Com alguns, porém – talvez guiados pelas mãos misteriosas do Caminho – nos reencontramos repetidamente ao longo dos dias e semanas. Nesta viagem assim aconteceu com os alemães Sebastian e Eberhard, as italianas Elena e Luana e os brasileiros Rafael e eu. Nosso último encontro foi no refeitório do seminário histórico, ao lado da Catedral de Santiago. (Portal iBOM / Fernando Cabral é licenciado em Ciências Biológicas, advogado, auditor federal e ex-prefeito de Bom Despacho / Foto do alto: à esquerda, Sebastian Frese; à direita, Elena e Sebastian no caminho da Variante / Arquivo pessoal Fernando Cabral).

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *