Água: da torneira para a boca

 

FERNANDO CABRAL – No Brasil temos o hábito de tomar água filtrada. Quem pode pagar costuma preferir água mineral. Na Europa, porém, o hábito é tomar água diretamente da torneira da pia. Pode ser em casa, pode ser na rua. Não é hábito usar água filtrada. Por quê?
Quando cheguei a Portugal vi as pessoas tomando água diretamente da torneira. Em bares e restaurantes vi clientes pedindo água da torneira em lugar de água mineral. Dias depois li em algum lugar uma recomendação do governo para que os pais e as escolas ensinassem seus filhos e alunos a tomarem água da torneira.

Mais tarde vi que todas as cidades publicam periodicamente na Internet o resultado de exames de suas águas. Sim, quase cem por cento das cidades atende quase cem por cento do padrão da União Europeia. Ou seja, a água da torneira tem excelente qualidade.
Além disto, muitos laboratórios de análises clínicas também fazem análise da qualidade da água. É só o cidadão interessado coletar e levar lá. De um dia para o outro recebe o laudo com análise detalhada da água.

Por que isto é bom?

É bom porque ajuda a preservar a saúde das pessoas. É bom porque as pessoas não se sentem compelidas a colocar filtros em casa. É bom, finalmente, porque as pessoas mais preocupadas não precisam gastar dinheiro com água mineral. Até mesmo as refeições fora de casa ficam mais baratas porque o cidadão pede água de torneira e economiza o dinheiro das caríssimas garrafas de água mineral. De quebra, ajuda o meio ambiente.

No Brasil, porém, a preocupação tem razão de ser. Entre nós, cerca de 15 milhões de pessoas não têm acesso a água encanada. Mesmo as que têm, estão sob risco. Primeiro, porque muitas cidades têm encanamentos antigos e com má manutenção. Isto permite que a água seja recontaminada após o tratamento. Outro problema é nosso hábito de ter caixas d´água e não fazer a limpeza periódica.
Por estes dois motivos, mesmo quando a água sai com boa qualidade da estação de tratamento, ela pode chegar ao copo com qualidade comprometida.

Mas, por todas as comodidades e economia que o consumo da água da bica oferece, penso que é hora de o brasileiro começar a exigir um controle mais estrito da qualidade da água na torneira do consumidor e não apenas na saída da estação de tratamento.
Quando a água da torneira pode ser bebida despreocupadamente, todos ganham, exceto os engarrafadores de água mineral e os vendedores de filtros. (Portal iBOM / Fernando Cabral é licenciado em Ciências Biológicas, advogado, auditor federal e ex-prefeito de Bom Despacho / Imagem ilustrativa).

Fernando Cabral

Fernando Cabral é licenciado em Ciências Biológicas, advogado, auditor federal e ex-prefeito de Bom Despacho

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