Virada Cultura: a grande festa dos nossos talentos
TADEU ARAÚJO – A Prefeitura de Bom Despacho, através da Secretaria Municipal de Cultura, cuja secretária é a competente Doutora Rose, realizou dias 1 e 2 de setembro a Virada Cultural de Bom Despacho. Um evento marcante que deixou bem evidente a riqueza das manifestações culturais do nosso povo.
Convocados por edital, grupos, associações e artistas individualmente brotaram dos seus recantos a fim de exibir seus talentos para um grande e ardoroso público na Praça de Eventos, ao lado da antiga estação ferroviária.
Eu estive lá, por motivos particulares, só na parte da tarde do dia 2, data em que pude descrever com detalhe as admiráveis apresentações artísticas, que relato para atuais e futuros leitores.
Literatura
Na entrada da praça, encontrava-se rica exposição de obras literárias. Ali, as barracas de escritores expunham seus livros. Livros, a maioria com temas bom-despachenses, para observação e venda das obras. Naquele local, as pessoas puderam ter contato com autores já consagrados como Fernando Humberto Resende, Maria Antônia Kohnert, Geraldinho do Engenho e João Batista.
Artes plásticas
Depois, acolá, mostras de folclore. Havia também exibição de belas pinturas de um adolescente. Mais à frente, os quadros de nosso aplaudido pintor internacional João Carlos, que no momento produzia em uma tela, ao vivo, uma paisagem da celebrada Biquinha. Pudemos apreciar também uma exposição de fotos dos feitos do Bené Peão, nosso bicampeão do mundialmente consagrado rodeio de Barretos.
História e música
No palco, lindamente adornado, subiu a professora, escritora e dançarina Luíza Garbazza que nos apresentou, com encanto e arte, a leitura e dança de sua obra a “Dança da chuva”, nos moldes graciosos do inesquecível filme americano de tanto sucesso “Dançando na Chuva.”
No palco, muito bem adornado, participei, narrando em resgate da memória de nosso passado, um fato histórico e heroico ocorrido em 1896. Nominei-o com o título “A guerra da independência de Bom Despacho.” No final, com dois irmãos da família Couto, Eduardo e Márcia, oferecemos aos heróis bom-despachenses de 1896 um dos hinos mais belos da cidade, letra e música do Dr. Roberto Teixeira Campos, irmão do saudoso do Padre Robson.
A ecologia foi lembrada e defendida na peça teatral representada pelas duas jovens da família Couto, indispensáveis em manifestações culturais por aqui.
Presenciando os números artísticos daquela tarde da Virada Cultural de Bom Despacho, eu me senti como se estivesse ante um espetáculo de arte de um teatro de alguma metrópole brasileira de cujo valor não ficamos assim tão distante.
Fanfarra da Escola Irmã Maria
Se achar que estou exagerando, pergunte a algum espectador que esteve lá. Alguém que ouviu, na Praça da Estação, o Voz e Vida despertar saudades de Nivaldo Santiago. Voz e Vida, a coroa da cultura bom-despachense. Coral que continua a desfilar seu repertório de irretocáveis canções folclóricas, populares e clássicas. Um primor musical que não nos cansamos de escutar.
E que satisfação receber a fanfarra da Escola Irmã Maria. Adolescentes e crianças, num gracioso uniforme azul, embalando a tarde num festival primaveril. Um espetáculo de tambores e taróis variáveis. Parabéns àqueles jovens e a toda a escola pioneira do Campo criada pela incansável Irmã Maria.
Dança
Houve danças vigorosas, uma de um rapaz e duas mocinhas no frenético ritmo moderno, em que se saíram muito bem.
A outra dança parecia ter brotado do coração da velha África. Fantástica em seus movimentos e acrobacias. Uma perícia dos quilombolas da Tiana. Do povo lá da Tabatinga. Rua que jamais deveria ter perdido esse nome de Tabatinga. Pés pretos no barro branco, como a saudou em seu valioso livro de raízes a pesquisadora e historiadora Sônia Queiroz, filha do Dr. Roberto e da Dona Joesse. Um show de energia das meninas morenas e de um garoto que comandou a dança. Esse garoto pareceu-me já um dançarino profissional com grande futuro pela frente.
Minhas escusas a outros apresentadores que não abordei nesta coluna porque não os assisti. Mas me falaram com louvores de dois ícones reconhecidos e aplaudidos por todas as plateias que têm o privilégio de assisti-los: a dupla sertaneja número 1 da cidade, João Markus & Maurício, e os representantes mores de nossa cultura na dança, no teatro e na música, a família Couto.
Minhas homenagens à eficiente e criativa secretária da Cultura e seus jovens e operosos assessores, ao prefeito Dr. Bertolino, que apoiou irrestritamente a Virada Cultural, inclusive com recursos da própria prefeitura, como o fez também para a conquista ecológica de valor na Mata do Batalhão, onde a atitude do prefeito vem agregando melhoramentos.
(Portal iBOM / Tadeu de Araújo Teixeira é professor, escritor e fundador da ABDL)