Minha primeira Festa do Reinado

ALEXANDRE MAGALHÃES – Adorei minha primeira experiência com a Festa do Reinado. Ainda sou um ignorante nos símbolos da festa. Como sou muito curioso, fui perguntando e aprendi muito.

Com minha amiga Iara Queiroz descobri que há alguns cortes de linha Moçambique e alguns de linha Congolesa. Iara me explicou que os instrumentos de corda só são admitidos nos cortes de linha Congolesa e que essas divisões originaram-se no fato ou lenda do sumiço da imagem de Nossa Senhora do Rosário da capela construída por um fazendeiro e sua aparição no meio da mata, e que os congoleses abriram caminho para trazer a imagem de volta e os guerreiros moçambicanos fizeram a guarda da imagem. Que os congoleses representam a alegria e os moçambicanos representam os guerreiros, a força, a proteção à santa. Que cada pequeno ato, como baixar o mastro pode ser feito por uns e não por outros. Muita simbologia!

Obrigado, Iara, pelas explicações. Vou tentar me aprofundar um pouco mais durante o ano e aproveitar melhor minha próxima experiência com essa linda festa.

Com minha namorada, que participou de um corte de linha moçambicana, aprendi sobre o papel do rei e rainha dos cortes, o importante papel da capitã ou capitão, o nome dos instrumentos, entre muitas outras coisas.

Apesar de não ser crente, me emocionei em vários momentos da festa. A força dos tambores, o canto quase gutural dos participantes, as danças, roupas e seus significados. 

Chorei muito ao presenciar um membro de um corte moçambicano cantar. Sua voz mostrava claramente sua fé. Conversei com ele depois de uma apresentação e ele me disse que mora em Santos e vai todos os anos para participar da Festa do Reinado. Nada do que ele acredita eu acredito, mas sua fé, visível, quase palpável, me comoveu.

Os mastros

Acompanhei a baixa dos mastros, o de São Benedito, o de Nossa Senhora das Mercês, o de Santa Ifigênia e o de Nossa Senhora do Rosário. 

Acompanhei cada ação tentando entender o que estava acontecendo. 

Fiquei impressionado com a quantidade de pessoas, alguns milhares de moradores de Bom Despacho, acompanhando a retirada dos mastros, muitos carregando bandeiras ou flâmulas. Ao final da festa, vi muita gente tocando esses estandartes, alguns beijando-os, alguns benzendo-se diante das imagens.

Quase uma catarse religiosa.

Tudo junto e misturado

Como em São Paulo, minha terra natal, não há nada parecido com a Festa do Reinado, nunca havia visto uma festa tão eclética, com símbolos do cristianismo e de várias religiões africanas combinadas, misturadas, convivendo como se tudo fosse a mesma coisa. E, na verdade, é. O Brasil conseguiu juntar tudo em uma festa religiosa em que podemos ver partes da Europa, partes da África, partes da América Latina, enfim, o mundo todo em um único ponto, em uma única festa.

Incrivelmente linda!

Chuvas inesperadas

Passei os últimos seis anos ouvindo minha namorada bom-despachense dizendo que em Bom Despacho não chove “de jeito nenhum” entre março e outubro. Em julho e agosto presenciei algumas chuvas fora de hora e ouvi várias pessoas da cidade comemorando essa “benção divina”. 

Não sei se comemoro a chuva fora de hora ou se fico preocupado com esse fenômeno, que é fruto de nossa destruição, das agressões que estamos fazendo ao planeta.

O maior calor de todos os tempos na Europa, chuvas fora de hora em Bom Despacho, queimadas recorde na Amazônia, no Cerrado… em toda Bom Despacho… Hummm… Isso não vai terminar bem. 

(Portal iBOM / Alexandre Sanches Magalhães é empresário, consultor e professor de marketing, mestre e doutor pela USP e apaixonado por BD e SP / Foto: Prefeitura de Bom Despacho)

Alexandre Magalhães

Alexandre Sanches Magalhães é empresário, consultor e professor de marketing, mestre e doutor pela USP e apaixonado por SP e BD

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