Calou-se a voz do Carinhoso, a alegria do povo

 

Morreu nesta quinta-feira (10/8), aos 91 anos de idade, o músico, compositor, cantor e radialista Antônio Rafael Soares Filho, o Carinhoso. A causa da morte não foi divulgada. Seu corpo será velado nesta sexta-feira (11/8), de 8 às 13 horas, no Velório Municipal de Bom Despacho/MG. Em seguida ele será sepultado no cemitério Velha Necrópole. Comunicador ficou conhecido por bordões popularizados em seus programas de rádio, como “Trem bão gostoso”, “A mãe falou” e “Abraço gostoso do Carinhoso”.

Carinhoso nasceu dia 22 de novembro de 1931 na fazenda Pulador, zona rural de Bom Despacho/MG, onde viveu a infância com 12 irmãos. Trabalhou na lida da roça e aprendeu com o pai o ofício de carpinteiro.

Ainda pequeno ganhou uma sanfona e começou a fazer apresentações com o pai e os irmãos, também violeiros e cantadores. Na adolescência formou um trio com os irmãos Messias e Anísio para animar festas.

Em 1950 chegou a ir para Belo Horizonte com o irmão Anísio para estudar música. Lá se apresentaram na Rádio Inconfidência e acabaram ganhando um programa na emissora.

Questões familiares o fizeram voltar para a Fazenda Pulador em 1951. Sete anos depois casou-se com Rosa Maria do Couto Soares, a Dona Zezi, com quem teve 9 filhos. Mas continuou tocando acordeon com os irmãos

“Cheiro de terra”

Na década de 70 formou dupla com o irmão Paulino, o Cachimbeiro. Tempos depois a dupla lançou seu primeiro disco, “Cristo Maior Amigo”. Em 1980, Carinhoso e Cachimbeiro voltam para a Rádio Inconfidência, na capital, onde permanecem por cinco anos apresentando um programa sertanejo.

O colunista Tadeu Araújo escreveu no Jornal de Negócios, em 2021, que Carinhoso “consagrou-se como compositor de letras e músicas admiráveis. Letras que têm cheiro de terra e ares de João Guimarães Rosa”. Tadeu contou ainda que ter ficado encantado com a composição “sobre Jesus Cristo (…) que Carinhoso declamou para mim em sua casa, deixou-me admirado pela linguagem rica e rimas maravilhosas”.

Discografia

De 1981 a 1990 Carinhoso e Cachimbeiro lançaram três discos: o single “A Padaria da Maria” (1981), o LP “Sem Rumo na Vida” (1982) e “O Dia em que a Terra Falou” (1990). Em 1993 a dupla se desfaz e Carinhoso entrou na Rádio Veredas FM de Bom Despacho. No ano seguinte lançou o disco solo “Carinhoso – Nas Ondas do Rádio”, que mescla causos e músicas e se tornou referência para as produções seguintes do artista. Sua paixão pelo rádio ficou demonstrada ao formar-se, com 65 anos de idade, no curso de Radialista da PUC Minas, em 1996.

Em 2003 Carinhoso inaugurou na Rádio Difusora Bondespachense o “Programa Sertanejo” e lançou o CD “Carinhoso – a Alegria do Povo”. Um ano depois lançou novo CD com versões remasterizadas de 20 sucessos da dupla Carinhoso e Cachimbeiro. Depois desse vieram mais três: “Carinhoso – A Alegria do Rádio” (2006), “Carinhoso – A Alegria Está no Ar” (2013) e “O Trenzinho da Alegria” (2017), que traz causos, declamações, faixas autorais e releituras instrumentais de sanfona. Em 2021 lançou “A Mãe Falou” e “Trem Bão Gostoso”, coletânea de músicas e causos produzidas entre março de 2020 e julho de 2021, período no qual ficou afastado do rádio por causa da pandemia.

Inspiração

Na época, Carinhoso contou ao Jornal de Negócios que mantinha-se na ativa aos 90 anos “inspirado pelo que Deus me deu, pois tenho saúde, alegria e disposição. Por isso é meu dever, enquanto puder, fazer o melhor que dou conta”. Isso, ninguém duvida que ele fez em sua longa vida, sempre com talento e maestria. (Portal iBom / Foto: Arquivo Carinhoso).

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *