Atletas de Bom Despacho na Rio 2023

 

Só precisamos sair da zona confortável e dar o primeiro passo. Bora?!

ROBERTA GONTIJO TEIXEIRA – Comecei a praticar uma atividade aeróbica mais intensa, há uns 13 anos atrás, quando fiquei viúva. Muitos achavam que eu deveria ir ao médico e tomar ansiolítico para colocar as emoções no lugar. Fui. Para minha sorte, o remédio me fez mal. Tive que buscar outros recursos. O Anselmo Nunes e outros amigos do meu falecido marido passaram a me levar para fazer percursos de bicicleta. Era exaustivo, mas meu corpo aprendeu que se suasse bastante, tomasse uma ducha gelada e um copinho de cerveja, estaria renovado. Viciei. Fui da bike para a corrida, para a natação e hoje, não vivo sem uma atividade aeróbica. Faz parte da minha sanidade mental. Brinco que sou como pato, nado mal, pedalo pouco e corro lentamente, mas estou sempre ali, convivendo com os grupos, cuidando do meu corpo, me aventurando em provas, fazendo novos amigos, conhecendo lugares diferentes e, com tudo isso, me livrando dos remédios. 

Passei a fazer parte da Correbom que, com o apoio da Prefeitura Municipal, sempre promove corridas locais e organiza comitivas para viagens e realizações de provas fora de Bom Despacho.

No último fim de semana fomos participar da Meia Maratona/Maratona Internacional do Rio de Janeiro. 

Até agora, ao escrever e relembrar fico arrepiada e emocionada

Nos organizamos bem antes. Fomos um grupo de aproximadamente 30 pessoas de Bom Despacho, cada um com o hotel que cabia no seu bolso e na velocidade e quilometragem que o corpo permitia. 

Dividimos os participantes nos carros e pegamos a estrada rumo ao Rio de Janeiro.

A estrada já foi parte do aprendizado e da alegria. Acordar de madrugada, parar no caminho para aquecer o peito com um café quente, bater papo com quem foi dividindo o trajeto e a gasolina e passar a conhecer quem está ali do seu lado um pouco melhor. No dia da prova, levantamos às 4 da manhã. Nos reunimos e fomos de van rumo ao destino da prova. 

O cenário era de filme. O sol foi nascendo, o mar nos acompanhando por grande parte do trajeto e quando ele nos abandonava e sobrava energia para olharmos para o entorno, nos deparávamos com o Cristo Redentor, lá no alto, nos abençoando; o Pão de Açúcar, construções imensas, a marina da Glória e seus barquinhos, árvores frondosas e até túneis, onde o eco fazia com que a multidão de corredores gritasse e batesse palmas em coro, fazendo o corpo cansado arrepiar ainda mais. 

Somando provas e pessoas vindas de todas as partes do Brasil e do mundo, éramos 40 mil inscritos. Ao longo de toda a prova, bandinhas de samba, de instrumento de sopro e uma plateia que gritava os mais variados tipos de incentivo: vocês são demais! Falta pouco! Não desistam! Os fotógrafos, por todos os lados, deitados, subidos na ponte, sentados no chão tentavam enquadrar cada corredor no melhor ângulo. A temperatura amena, vento fresco e o sol recém nascido completavam aquele dia lindo, de céu bem azul na paisagem de cinema que, penso eu, foi escolhida a dedo para ser o trajeto da prova Rio/2023. 

Vez ou outra, você olhava para o lado e “topava” com um dos seus amigos corredores bom-despachenses que, como você e por motivos íntimos, ousou calçar o tênis e sair da zona confortável. Naquele momento, em cada respiração, passo dado ou ponto de hidratação, a única certeza era de que, apesar de não ser fácil, valia cada esforço e cada centavo gasto.

Minha gratidão aos meus amigos da Correbom, aos que foram e aos que ficaram torcendo, aos organizadores da Prova do Rio, ao Alexandre Magalhães, meu companheiro paulista, também colunista deste jornal, que compra comigo todas essas empreitadas. 

Os meus aplausos a cada corredor que deixou o cantinho seguro de sua casa, se aventurou pela rodovia movimentada no feriado e foi ao Rio correr. 

Minha reverência a meus parceiros da prova de 21 quilômetros e aos valentes maratonistas, que completaram, com louvor, os 42 km. 

Às vezes, quem está assistindo de fora pode pensar que é difícil, que somos um grupo de atletas, que não é para qualquer um. Isso não é verdade. É para todos, ou ao menos, para a grande maioria. Só precisamos sair da zona confortável e dar o primeiro passo. Bora?!

Corredores dos 21 km – Alexandre Sanches, Ana Paula Campos, Clarisse (Sisse), Cris Lopes, Gabriela Santos, Haroldo Assunção, Jesus Rodrigues, Joana , Juliana Filiais, Júlio Santos, Lúcia da Sicoob, Marília Gontijo, Patrícia Longuinho, Paulo “Maiado”, Renata Duarte, Renata Lago, Roberta Teixeira, Vanderlea Cardeal e Wenceslau Araújo

Corredores dos 42 km – Adriana Amaral, Ana Lúcia, Caio, Carolina Portugal, Daniela Vasconcelos, Fabinho, Kellen, Lilian, Luís Flávio e Renato Lamounier. (Portal iBOM / Roberta Gontijo Teixeira é bacharel em Direito, ambientalista e servidora pública federal / Foto: arquivo da Correbom).

 

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