Sou homem temente a Deus, diz comandante do 7° BPM

 

Em entrevista exclusiva ao Portal iBOM, o tenente-coronel Luciano Antônio dos Santos, novo comandante do 7° Batalhão, fala da sua trajetória na PMMG e dos planos à frente da maior unidade da corporação em Minas, responsável pelo policiamento de 19 cidades da região.
Calmo, tranquilo e de fala mansa, o Comandante afirma ser “um privilégio servir à comunidade” e diz ver os policiais militares como pacificadores, que chegam para “levar a paz, uma palavra de conforto ou até mesmo uma intervenção mais enérgica” se necessário.
Veja na entrevista feita pelo editor Alexandre Borges, que foi produzida em vídeo através de parceria com a agência Bureau Media.

Portal iBOM – O senhor nasceu e foi criado onde?

Comandante Luciano – Sou nascido em Bom Despacho. Nascido e criado no bairro Jardim dos Anjos, onde a gente tem muita lembrança boa, positiva.

Estudou aonde, comandante? Quando é que entrou para a Polícia Militar?

Tive o privilégio de estudar na Escola Estadual Martinho Fidelis. De lá vim para o Colégio Tiradentes. Quando eu resolvi fazer a prova, para mim foi uma oportunidade aliada a uma necessidade, porque o Curso de Formação de Oficiais era uma graduação. Hoje é considerado uma pós-graduação porque para os oficiais é exigido o nível de bacharel em Direito. Naquela época não, nós entrávamos, cursávamos uma graduação de 4 anos. Então, no ano de 98 eu ingressei no CFO e lá fiquei até 2001, quando então eu fui destinado a Bom Despacho, na sede aqui do Batalhão.

Em sua carreira militar o senhor trabalhou nas principais cidades da região. Portanto, conhece de perto a realidade das cidades que formam a área do 7° Batalhão. Esse conhecimento vai ajudar no seu trabalho à frente do comando do 7°?

Eu entendo que sim, porque conhecer a geografia, as especificidades de cada município é muito importante. O Batalhão é muito grande, extenso territorialmente, é o maior batalhão da região em números territoriais, 19 municípios. A gente pode dizer que cada município tem a sua particularidade. Então, quanto mais conhecer, isso ajuda ainda mais a nossa atuação policial-militar.

O comandante regional, coronel Wemerson, disse na sua posse que o tenente-coronel Pinheiro entregou o comando do 7° Batalhão com redução de 33% dos crimes violentos e 28% nos crimes de furto nos últimos 12 meses. Nesse período o senhor era o subcomandante da unidade. Quais medidas levaram a essa redução?

Uma série de medidas. Não foi uma só isolada não. A Polícia Militar tem hoje uma metodologia científica até de acompanhamento da criminalidade que nós chamamos de Gestão do Desempenho Operacional, GDO. Ela traz indicadores e, dentre esses indicadores, vários outros subindicadores de acompanhamento à criminalidade. A questão do crime violento é um deles. Furto também é outro. Mas nós acompanhamos também mais de próximo o homicídio, tanto na forma consumada quanto na forma tentada.

É uma série de diretrizes que nós fazemos. Para tanto nós fazemos reuniões periódicas com os comandantes de frações, alinhamos nossos planos nas nossas linhas de ação para poder fazer o enfrentamento. Mas o principal de tudo, eu posso depositar sem medo de errar, é na proximidade com a comunidade. Essa participação da comunidade na resolução dos problemas.

Na sua visão, quais são os maiores desafios a serem enfrentados atualmente na região do 7° Batalhão?

Nós temos muitos desafios. Muitas perspectivas de trabalho e muitas condutas a serem alinhadas, desenhadas. Mas eu acho que manter os bons resultados é um desafio enorme, porque o Batalhão vem de uma série histórica – se nós pegarmos de 2013, quando foi instituído o REDS (Registro de Evento de Defesa Social) aqui no Batalhão, no interior, nós conseguimos nos anos de 2021 e 2022 os dois melhores anos da unidade. Então nós continuarmos nessa toada já vai ser um desafio enorme.

A partir desta visão que o senhor colocou, quais ações, quais estratégias pretende reforçar a partir de agora?

Nós vamos rever os nossos planos de atuação, mesmo porque nós entendemos que a sociedade é dinâmica, ela muda sempre, até mesmo pelo que nós conversamos, né, anteriormente, o senhor disse de como muda até mesmo a forma de divulgação da notícia. Isso perpassa também pela segurança pública. O que nós fazíamos há alguns anos atrás não é que se tornou obsoleto e não vale nada. Não é isso. Mas é que tem que se aprimorar algumas coisas. Então algumas correções, algumas questões pontuais nós vamos estar fazendo visando a melhor prestação de serviço à comunidade.

A Banda de Música do 7° Batalhão é uma instituição antiga e muito apreciada na comunidade, não só em Bom Despacho como nos municípios vizinhos. Ela faz parte da história de Bom Despacho. Mas ao longo dos últimos anos a Banda infelizmente vem encolhendo por falta de músicos. Nós recebemos uma informação recentemente de que a Banda poderia até deixar de funcionar por falta de músicos. Como é que o senhor vê a situação da Banda de Música? Ela pode realmente acabar por falta de músicos? O que pode ser feito para que a comunidade não perca algo tão valioso?

Eu posso dizer com certeza que nenhum comandante quer que isso aconteça na gestão dele, principalmente a nossa querida Banda de Música. Nós recebemos ofícios aqui não só dos 19 municípios, mas também de toda a região solicitando a Banda de Música. Por causa da expressão que tem, né, esse envolvimento comunitário através da Banda de Música. Existe até uma expressão máxima que fala “segurança também se faz com música”. Nós acreditamos nesse entrosamento com a comunidade-Polícia Militar através da Banda de Música.

Eu creio que a instituição, a nível estratégico, a nível de comando geral, não vai deixar isso acontecer. Tanto que uma das estratégias utilizadas é a recondução de militares. Os militares que aposentaram, que são músicos e querem continuar a desenvolver esse trabalho são reconduzidos para o serviço ativo e continuam prestando serviço. E hoje isso já é uma realidade. Nós temos na nossa banda e temos também essa realidade na banda de música da 7ª Região, sediada em Divinópolis.

Comandante, como o senhor vê o papel da Polícia Militar na comunidade, não apenas em Bom Despacho como também nas outras 18 cidades da área de atuação do 7° Batalhão?

Eu vejo como facilitadores de uma pessoa que necessita de um atendimento e que tem uma facilidade muito grande de, com um aceno de mão, chamar a Polícia Militar. [Através] de uma simples ligação do 190, através de uma denúncia do 181, ou de outras formas. Eu vejo também um privilégio da nossa parte em servir à comunidade, porque nós somos considerados pacificadores. Aquelas pessoas que são acionadas quando está tudo bagunçado, vamos colocar assim. Então nós chegamos para poder levar a paz, uma palavra de conforto ou até mesmo uma intervenção mais enérgica, mais cirúrgica, mas a Polícia Militar se faz presente. Eu vejo os militares como pacificadores e acredito naquela palavra que diz que “bem aventurados são os pacificadores porque eles serão chamados filhos de Deus”. Eu vejo os policiais militares nessa qualidade de filhos de Deus.

O senhor é um homem religioso?

Eu digo religioso, não. Temente a Deus. (Portal iBOM / Foto: Bureau Media)

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