Eliana Fátima de Paula, a incansável educadora

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A professora Eliana Fátima de Paula, filha de João Paulo de Souza e Maria das Dores Costa (dona Fia), nasceu em 28 de fevereiro de 1954. Conheço-a desde os tempos em que fui seu vizinho por quase 40 anos na Rua Domingos Leite, na Vila Aurora. Hoje eu a trago para mais perto de mim e de meus leitores, os leitores do Jornal de Negócios. Hoje coloco seu nome aqui, neste lugar de destaque, que ela bem merece na minha galeria de Personagens, do Jornal de Negócios, no cenário da história de pessoas marcantes da comunidade de Bom Despacho.

Eliana Fátima de Paula, professora e diretora escolar, divorciada, vive hoje, em companhia de seu filho João Paulo, 33, publicitário, com a nora Roberta Nascimento e uma netinha, a Agda, de 2 anos, criança encantadora que alegra sua existência e o seu lar. Tem uma filha, Paloma Cristina, 28, nutricionista, casada com Ricardo, funcionário da Justiça Estadual.

Ela é dona de casa dedicada e acha tempo para tocar seu violão e cantar, em casa, e na casa de Deus, apresentando-se nas cerimônias religiosas na capela da Santa Casa e na igreja São Geraldo, no Bairro Esplanada. Diz que é uma maneira de agradecer ao Senhor pela vida abençoada que Ele lhe tem proporcionado. Afirma que “a Deus eu não tenho mais que pedir. Tenho a agradecer pela vida, a família que possuo, os obstáculos que venci. Quando olho pelo que passei e agora estou tão bem material, moral e espiritualmente, sinto que Deus nunca me desamparou. Sinto sempre sua presença junto a mim.”

Em sua casa, seus familiares afirmam que ela é uma fonte de carinho, um exemplo de existência, um resumo de como viver positivamente. Enfim uma verdadeira inspiração e orientação dos bons caminhos a seguir.

Esse amor e essa responsabilidade com a família, ela os carrega no coração e nas atitudes desde a casa de seus pais. Quando seu pai faleceu, deixou 12 filhos. Dona Fia, sua esposa, ficou sem pensão do marido, porque ele, como rezavam os perversos estatutos daquele tempo, morrera uma semana antes de se aposentar como ferroviário.

Eliana mostrou-se, junto com algum irmão mais velho, apoio e arrimo para a família. No futuro ela ajudaria a cuidar principalmente das irmãs mais novas. Dona Fia só as deixava sair à noite para alguma festa ou diversão junto a Eliana para vigiá-las e tomar conta delas. Viveu com sua mãe até os 33 anos. Estudou, trabalhou, foi arrimo de família.

Fez seus estudos básicos até o final do 2º Grau no Coronel Praxedes, Tiradentes, Wilson Lopes, Miguel Gontijo (curso de Magistério). Iniciou seu curso superior no INESP em Divinópolis e o concluiu na Faculdade de Ciências Humanas da PUC, em Luz, como professora de história e geografia. Durante aquele tempo trabalhava fazendo unha junto com a Sílvia do Paulo, zelador do Grupo, para ajudar nas despesas da família. Havia semanas em que ela não tinha dinheiro para a condução da faculdade. Lembra-se com emoção e gratidão pela mãe que pegava a reserva dos sabões de barra da cozinha e vendia no boteco para o sr. Agostinho, para ela viajar e comprar merenda. No ano em que se formou no magistério começou a trabalhar no ensino infantil pela Prefeitura, no distrito do Engenho. Então não foi preciso mais vender sabão para custear seus estudos.

Foram tempos sofridos e titânicos, mas ela venceu. Lecionou em várias escolas, inclusive ciências na Escola São José e no Colégio Comercial.

Aprovada em concurso estadual de magistério, foi nomeada professora de história e geografia na Escola Maria Guerra, onde coroou sua carreira profissional, por 4 anos, como diretora.

E assim essa mulher dinâmica, guerreira, vencedora, que com amor, garra e competência ultrapassou obstáculos em sua heroica existência, construiu uma bela história de vida, uma brilhante carreira profissional, reconhecida por tanta gente que conheceu sua jornada de vida intensa e produtiva. Gente como eu que, por cerca de 40 anos, convivi, como vizinho, com a família de dona Maria das Dores Costa – dona Fia – mãe de meu grande amigo professor João Batista, do Professor Jesus Paulo e seus irmãos e irmãs, e da minha personagem, incansável e bem sucedida educadora Eliana Fátima de Paula.

Uma maravilhosa e inesquecível conspiração de amigos muito amados.

Por cerca de 30 anos tenho retratado na minha coluna no Jornal de Negócios personagens bom-despachenses marcantes e muito queridos da cidade. Eis senão quando, para surpresa minha, na edição 1.638 do Jornal de Negócios, no mês dos pais, me transformaram em personagem não de uma, mas de várias páginas deste querido jornal, o mais duradouro e constante de nossa história.

Alguns amigos me prestaram muito mais que uma homenagem. Isto foi uma consagração, que não sei se mereço tanto. A emoção que invadiu meu coração, minha alma, minha existência será por mim lembrada como uma das maiores da vida, até o resto dos meus dias, se por acaso o Alzheimer não me tocaiar.

Tô sabendo que tudo foi iniciativa da Carolina Moreira, filha do Célio e da Joana Helena, minha prima pelo lado dos Rufinos, dos Costas e dos Araújos, ser humano admirável, minha companheira na dura e bela missão de cuidar dos tombamentos do passado do município. Sobretudo ela é uma inefável amiga. Com a aquiescência do amigo e irmão Alexandre Coelho, o dono do jornal, as páginas deste veículo tão querido se abriram para exibirem virtudes que talvez só a profunda amizade e os bons olhos da Carol, do Alexandre, da Mel, prima pela banda dos Araújos – a Ana Amélia do saudoso Guilherme Araújo e Leila. Tem a Papaula, do Chiquito e da Ângela, Araújo, Costa e Rufino como eu. E apareceu o meu companheiro de letras, grão historiador do Engenho, Geraldo Rodrigues, o mestre Geraldinho do Engenho. O escritor, escultor, pintor, compositor, cantor, instrumentista e agora editor Wagner Cruz. O mais apreciado dos ex-professores de meu filho Tadeu e até o genro paulistano, professor e cronista Alexandre Magalhães… Todos me fizeram feliz por me saudarem como cidadão e como cronista interiorano.

Repito, não sei se mereço e nunca mereci tanto carinho e reconhecimento em minha vida, por mais de anos no jornalismo de Bom Despacho. No fundo, penso que isto foi mesmo uma conspiração. Uma maravilhosa e inesquecível conspiração de amigos muito amados.

Tadeu Araújo

Tadeu Araújo Teixeira é professor, escritor, colunista e membro da ABDL

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