Sindicato Rural lança exposição de negócios

Há quase dois séculos nasceu na Inglaterra o atual conceito de exposição. Foi em 1851 quando o Príncipe Albert, consorte da Rainha Vitória promoveu A Grande Exposição das Indústrias de Todas as Nações. Ali foi exibido o que havia de mais moderno no mundo. Representantes de dezenas de países mostraram suas inovações e conheceram inovações de outros. Foi um momento de aprendizagem, troca de conhecimentos e muitos negócios. De lá para cá, as exposições se espalharam pelo mundo. O Brasil e o agronegócio não ficaram de fora.

Passados 170 anos da esplendorosa exibição de 1851, as exposições continuam servindo como meio de divulgação de ideias, conhecimentos e produtos. Mas, principalmente, elas servem como ambiente propício à geração de negócios.

No Brasil, uma das áreas onde as exposições mais prosperaram foi na agropecuária. Para atender à demanda dos produtores rurais, revendedores, prestadores de serviços e fornecedores de equipamentos e insumos, os parques de exposição se espalharam.

No entanto, apesar dos relevantes serviços que prestavam, muitos deles desvirtuaram e se afastaram de suas finalidades originais. Em muitos lugares deixaram de ser um parque de exposições e passaram a ser apenas uma casa de espetáculos.

Como meras casas de espetáculo, em vez de criarem um ambiente propício para os negócios e para a troca de ideias, eles se tornaram um sorvedouro de dinheiro.

Os grandes espetáculos realizados em cidades menores ou até do tamanho de Bom Despacho levam embora um volume desproporcional de dinheiro. A indústria local, os produtores locais, os prestadores de serviços locais e o comercial local não ganham nada. Há algumas exceções, como hospedagem e postos de combustível, mas o que ganham – embora bom para eles – não compensa o prejuízo generalizado os demais negócios. A cidade leva pelo menos três meses para se recuperar do baque financeiro.

Era exatamente nesta situação que se encontrava o parque de exposição de Bom Despacho até alguns anos atrás. Ele havia se transviado de sua missão de servir ao produtor rural e passara a ser palco de espetáculos circenses. Isto, quando não estava abandonado, cheio de mato e entregue ao mosquito da dengue.

Aliás, não é que espetáculos circenses não sejam bons. Eles muitas vezes são. São necessários. Diversão e lazer são direitos de todos nós. O problema é quando o espetáculo, em vez de ser um acréscimo às funções originais do parque passa a ser a única função. Neste ponto até o nome Parque de Exposições perde o sentido e a razão de ser.

Exposição como negócio

Em Bom Despacho o Parque de Exposição pertence ao Sindicato Rural. Após a eleição da sua atual diretoria, ele vem se recuperando dos reveses sofridos. Sua importância na comunidade é crescente e vem sendo cada vez mais reconhecida.

Entre as ações de retomada, está a reinauguração e revalorização das exposições agropecuárias. O sucesso foi grande e seu prestígio está crescendo.

Nesta linha, segundo o Patrick Brauner, presidente do Sindicato, a Expobom 2022 será voltada para a criação de oportunidade de negócios, disseminação de novas tecnologias, fomento da produção agropecuária e valorização do produtor rural.

Ou seja, é uma volta às raízes e à própria razão da existência do parque e das exposições.

Esta postura reconciliada com o passado e com as tradições inauguradas na Inglaterra em 1851 e implantadas em Bom Despacho quando o Parque foi criado está trazendo benefícios. Em 2019, quando a exposição foi retomada neste estilo, o volume de negócios superou os R$ 10 milhões. Para 2022 a expectativa é de mais de R$ 30 milhões.

Um grande número de empresários, ruralistas, industriais, cooperativas de crédito e comerciantes, acreditam no vigor da Expobom 2022 e apostam nos seus resultados. Tanto assim que, no seu lançamento, já havia 50 expositores inscritos. Um sucesso.

Mas não é só. De lá para cá, o número de interessados cresceu ainda mais. Para atender a todos o Sindicato deverá abrir uma nova rua capaz de acolher pelo menos mais 8 expositores.

Isto mostra que as pessoas acreditam que a exposição agropecuária como negócios dá frutos.

Credesp – um exemplo

Entre os expositores estão organizações bem conhecidas, como a Cooperbom, tradicional apoio dos produtores rurais de Bom Despacho; a Inproveter, como exemplo de uma grande indústria local de alcance nacional; Bombas Diesel, essencial para a manutenção dos modernos equipamentos usados na agropecuária; UNA Bom Despacho, com seu ensino universitário também voltado para a área rural; Acibom, representante do empresariado bom-despachense; Citrovan, especializada na produção de mudas que atende muito além das fronteiras de Bom Despacho; FAEMG, Senar como instituições ligadas ao campo.

Uma área que se destaca – e não poderia ser diferente – é o setor de crédito. Lá estarão, por exemplo, a Credibom e a Credesp, dois esteios da nossa economia. Estas duas cooperativas dão apoio ao bom-despachense em todas as operações bancárias. Embora a Credibom tenha nascido do sonho de ruralistas e a Credesp tenha nascido do sonho de comerciantes, hoje em dia as duas operam em todas as áreas típicas de um banco comercial.

Contudo, há três diferenças importantes entre elas e os bancos comerciais: elas têm custo menores, mantêm todo o dinheiro na economia local e suas sobras (lucros) são divididos entre os cooperados. Isto é, ficam na própria cidade.

O cidadão percebe as vantagens das cooperativas e elas não param de crescer. Uma demonstração disto é a evolução da Credesp. Por exemplo, 25 anos atrás ela distribuiu R$ 9.302,82 de sobras entre os cooperados. Em 2021 ela distribuiu R$ 11.716.486,64. Ou seja, uma explosão de 125.945,4%. Isto significa um crescimento anual médio de 60%.

Contando com mais de R$ 200 milhões entre depósitos à vista e a prazo, em 2021 a Credesp aplicou mais de R$ 223 milhões em operações de crédito. É uma boa ajuda para nosso empresariado.

Tudo isto demonstra que o bom-despachense, além do dinheiro, também deposita confiança em nossas cooperativas.

Para a Expobom deste ano, a Credesp levará suas tradicionais linhas de crédito a todos os interessados. Mas, uma que não é tão tradicional fará sucesso: é a linha de crédito para a construção de usinas fotovoltaicas.

O investimento nestas usinas vale a pena para todos, mas vale a pena mais ainda para o produtor rural. Se ele separar uma pequena área do seu terreno, poderá ter energia a custo muito reduzido nos primeiros quatro ou cinco anos e praticamente de graça nos vinte anos seguintes. Isto, por uma área pouco maior do que uma quadra de futebol.

Na Expobom 2022 também estarão presentes empresas de usina fotovoltaica. Assim, o produtor terá oportunidade de conhecer a tecnologia e já obter o financiamento – caso necessite.

Aliás, esta é uma oportunidade que não interessa somente ao produtor rural. Qualquer cidadão interessado em economizar com a energia elétrica poderá se beneficiar.

Com estes exemplos vemos que o Sindicato Rural de Bom Despacho está resgatando sua tradição de realizar exposições voltadas para os negócios. Está, também, resgatando a história das próprias exposições. Como aquela, pioneira, ocorrida em 1851, na Inglaterra. Ali se viram as mais modernas tecnologias da época, ali se trocaram experiências e conhecimentos, ali se fizeram muitos negócios.

É isto que voltará a acontecer na Expobom 2022, quando ela abrir suas portas no próximo dia 6 de julho. Se houver um pequeno espetáculo circense no final do dia, não fará mal, mas o importante é que a roda da economia girem e o agronegócio dê os frutos que precisa dar.

Fernando Cabral

Fernando Cabral é licenciado em Ciências Biológicas, advogado, auditor federal e ex-prefeito de Bom Despacho

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