A Gripe Espanhola e a Covid em BD
Em 1918, o mundo inteiro assistiu à maior devastação de vidas humanas da história. A primeira guerra mundial encerrou-se naquele ano com a maior das catástrofes do planeta de todos os tempos: foram mais de 50 milhões de pessoas mortas no conflito.
Imediatamente após a guerra, no mesmo ano, alastrou-se pelo globo terrestre a peste da Gripe Espanhola, que, nos cinco continentes, estima-se, ceifou a vida de cerca de 100 milhões de indivíduos. Uma pandemia bem mais violenta que a Covid de hoje.
Gripe Espanhola em Bom Despacho (1918)
A seguir fotos de gente que viveu aqui os trágicos tempos daquela pandemia mortal. Pessoas que conheci pessoalmente. De algumas ouvi relatos de fatos da época.
Relatos
Cheguei a ouvir de algumas dessas pessoas depoimentos sobre o mal que assombrou nossa população. Roubou vidas sem discriminação. Fossem crianças, jovens, adultos ou velhos. As nossas lideranças criaram na atual Rua dos Padilhas um refúgio tosco que foi abrigo para os contaminados, no berço de nossa futura Santa Casa.
A indesejada Espanhola chegou a Bom Despacho, cidade-menina e roceira sem os recursos da medicina, que não eram nem sombra dos que hoje temos contra a avassaladora Covid.
O isolamento da população, dento das casas, era quase total. Mesmo assim, o anjo negro da morte bafejava seu hálito pestilento por todos os pontos do município. Não havia médicos. Têm-se notícias de feitos heroicos como o do farmacêutico Flávio Cançado (certamente o pai do Coronel Robertinho) e da senhora dona Afonsina do Couto – irmã de minha avó Ritinha, avó do Gê e do vereador Francisco de Oliveira Júnior – Francisquinho – o qual, com menos de 1 ano de nascido, pegou a Espanhola e foi salvo graças aos cuidados da avó.
Flávio e Afonsina e outros voluntários, quais anjos protetores, desafiaram a peste infernal: destemidamente iam de casa em casa cuidar dos doentes, sem medicamentos próprios para combater o mal. Usavam, junto a antitérmicos, erva e remédios caseiros. Salvaram eles vidas de muitos bom-despachenses.
Um século depois, a Covid
Um século depois da devastadora ação da Gripe Espanhola que horrorizou nossos avós e bisavós, outra tragédia se abate sobre “os degradados filhos de Eva”. Agora noutro clima. Noutro cenário. No começo poucos levavam fé. Muitos e até presidentes da república – feito o do Brasil, dos EUA, mandatários do México, da Birmânia na Ásia, do Quênia na África, da Hungria no Leste Europeu nada fizeram ou só tomaram providências tardias para acudir seu povo.
Enquanto a pandemia avançava em 2019 e até hoje, esses chefes de estado alardeiam: “Isso é uma gripezinha atoa.”
E impõem do alto de sua ignorância criminosa e supimpa e dolorosa, aplaudidos e seguidos por seus asseclas: “Máscaras, confinamentos e lockdown não previnem a Covid! Para curá-la eu tenho a receita: Cloroquina e outros inas”.
Até vermicidas receitam para seu povo e muita gente vai atrás dos poderosos e irresponsáveis gurus da morte. Enquanto isso já morreram mais de 340 mil brasileiros e mais de 4.000 estão morrendo por dia.
Vítimas da Covid
Os meus mais profundos pesares aos familiares de 4 grandes amigos meus vitimados pela Covid: Getúlio Salgado, João Bosco Cabeçote, Olivério da Copasa e o Professor Lalemã, filho de minha amiga dona Guaraciaba.