Ainda… e eternamente Dona Auxiliadora Guerra

Oito de março. Dia internacional da mulher. Data do resgate da valorização da mulher, nesse mundo que até pouco tempo a tem discriminado, reservando-lhe papéis secundários em nossa sociedade machista.

Mas as mulheres paulatina e inteligentemente reagiram e vêm conquistando sua natural e merecida posição de destaque numa sociedade que por séculos reservou-lhe um lugar de segundo plano em relação à construção humana universal. Algumas delas iniciaram, desde eras remotas, essa heroica transformação para conquistar a igualdade de gênero, em relação aos homens.

Por ocasião dessa data de 8 de março, tão justa e altaneira, o Jornal de Negócio e minha coluna temos anualmente enaltecido seu significado. De minha parte, costumo indicar uma figura feminina que demonstrou ou tem demonstrado em sua existência excepcional brilho e desempenho. Personagens que foram capazes de humanizar e modernizar o arcabouço da construção da mentalidade de um indivíduo, de um povo, de uma nação ou de uma cidade.

Em 2021, resgatamos a personalidade ilustre da professora Maria Auxiliadora Teixeira Guerra – falecida em novembro passado, aos 93 anos de idade. Sob sua influência, corrigi para melhores os dias e o rumo da minha vida. Assim também como tantos outros que a tiveram como mestra mudaram. Desde os anos 60, seus pupilos formaram uma corrente que passou a adotar nas escolas métodos de ensino revolucionários até os dias de hoje. E todos aprendemos com ela a máxima que agora o nosso mundo esforça-se por atingir: “respeitar sempre as diferenças individuais.” Máxima que melhora e reformula em tudo o relacionamento humano.

Em edições recentes do jornal – inclusive a de hoje -, cedi meu espaço para que três alunos da querida mestra falassem sobre ela: a Maria Antônia. O Itamar Oliveira -Brasinha. Hoje com muito afeto e admiração a palavra é de Geni Eugênia G. Teixeira a respeito de nossa inesquecível educadora.

 

Ainda… e eternamente Dona Auxiliadora

GENI EUGÊNIA GONTIJO TEIXEIRA – Senhor João Luiz, um amoroso vovô, ao fazer uma composição musical para nossa neta recém nascida, disse assim: “O coração clama, quando a gente ama!”

E é por este amor que venho externar minha gratidão e carinho por uma mestra que transformou corações na bela arte de ensinar e aprender.

Conheci-a no Curso de Formação de Professores: austera, delicada, competente. Suas aulas, ah! Suas aulas eu as bebia, como a um néctar. Não perdia sequer uma fala.

Ora ouvindo, ora anotando. E, é claro, me apaixonei pelos conteúdos retirados de ricas bibliografias que me fascinavam, assim também como aquela professora singelamente elegante. Nas provas, as notas eram sempre mirradas. Em dez pontos, quem tirasse seis era excelente. Os décimos valiam muito. Lembro-me de uma segunda época que peguei porque faltou meio ponto.

Gastei as férias daquele ano estudando. Claro, ainda não estava pronta para aquele ciclo. Faltavam-me hábitos, atitudes e habilidades, a base para nosso aprendizado, apregoada pela mestra, diariamente

Era grande seu cuidado para que não nos esquecêssemos das diferenças individuais. Norma que naquele tempo, nos anos sessenta, soava-nos inócua, pois havia muita repressão em vários aspectos do mundo em nossa volta.

Mas lá estava ela na sala de aula e em minha vida, como na de vários alunos que passaram pela sua metodologia, frisando o respeito à diferença entre as pessoas, principalmente entre nossos futuros educandos.

Tive a felicidade de conviver com ela não só na sala de aula, mas também como professora do Instituto Joventina Guerra, sua escola de educação infantil de excelente qualidade, naquela época em Bom Despacho e ainda em encontros familiares, sendo ela prima do meu marido.

Como já mencionou, recentemente neste jornal, a Maria Antônia da dona Dora e do Bruno Kohnert, não perdíamos a oportunidade de encontrá-la.

Em nossa última visita, minha e da Maria Antônia, pude dizer-lhe do espaço especial que ela ocupava em meu coração.

Dona Auxiliadora foi uma mulher genial e admirável. Dedicou sua vida ao conhecimento. Competência e garra eram atributos seus.

As pessoas marcantes deixam suas heranças em nossas mentes e corações. Por essa razão nunca serão esquecidas seja em que dimensão estiverem.

Por isso digo: ainda… e eternamente dona Auxiliadora.

Tadeu Araújo

Tadeu Araújo Teixeira é professor, escritor, colunista e membro da ABDL

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *