Como adiar a morte? Mantenha os quatro pilares da saúde

Nossa saúde se apoia em quatro pilares: nutrição, ambiente, atividade física, controle de estresse. A cura da doença também se baseia nestes mesmos quatro pilares, com o possível acréscimo de medicamentos. Isto vem da Grécia antiga, dos tempos o pai da medicina, Hipócrates. No entanto, hoje em dia costumamos pensar que nossa saúde depende principalmente dos medicamentos. Este é um modo de ver que custa caro. Custa caro em dinheiro, custa caro em qualidade de vida. Um estilo de vida baseado nestes pilares, com menos medicamento, pode colocar mais vida em nossas vidas.

 

Segundo o Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos, 73% de todas as mortes decorrem de apenas 9 causas. Representando 23% delas, as doenças cardíacas são campeãs. A maior parte, decorrente da formação de placas nas artérias.

Depois vem o câncer, com 21% das mortes. Esta é uma doença que pode apresentar características muito variadas, mas há uma característica que une todas elas: o crescimento descontrolado de células.

Os cânceres que mais matam tanto homens quanto mulheres são o pulmonar e o colorretal. Eles ocupam o primeiro e o terceiro lugar. Entre homens, o segundo lugar é ocupado pelo câncer da próstata e entre as mulheres o câncer de seio ocupa o segundo lugar.

O câncer e as doenças cardíacas se tornam mais comuns conforme a pessoa envelhece. Portanto, elas estão diretamente relacionadas com a idade: quando mais velho, maior a chance de morrer de câncer ou de doença cardíaca.

Com os acidentes a situação é diferente. Eles atingem principalmente os jovens. Começam em tenra idade, aumentam até por volta dos 25 anos e depois vão diminuindo conforme a pessoa envelhece. Por isto podemos dizer que a morte por acidentes e por causas violentas é típica de jovens. Já o câncer e as doenças cardiovasculares são típicas de idosos.

Isto não significa que o câncer não atinge jovens ou que os acidentes não atingem velhos. Eles atingem. Mas, há muito mais idosos do que jovens que sofrem de câncer. Da mesma forma, há muito mais jovens do que idosos morrendo em acidentes de trânsito, de trabalho e outros.

Portanto, câncer, doenças cardíacas e acidentes causam 50% das mortes. As causas que vêm a seguir completam o quadro de doenças mais mortais. Doenças respiratórias, como bronquite, enfisema e asma causam 6% das mortes. Os acidentes vasculares cerebrais (AVC) causam 6% das mortes. Depois vem o mal de Alzheimer, com 4%; diabetes, com 3%; gripe e pneumonia com 2% e doenças dos rins, com 2%.

Conhecidas as doenças mais funestas, podemos agir para adiar a nossa morte.

 

Como adiar a morte

Não podemos evitar a morte, mas podemos adiá-la para uma idade mais provecta. Mais importante ainda: podemos fazer com que nossa velhice seja mais saudável, com menos dependência de pessoas, de máquinas e de medicamentos. Em outras palavras, podemos morrer com saúde.

Morrer com saúde parece uma coisa estranha. No entanto, é o que todos queremos. Afinal, morrer com saúde significa viver de forma completa até que a morte nos pegue. Se não tivermos a saúde para vivermos assim, acabaremos como um vegetal, atados a uma cama e ligados a aparelhos e dependendo de alguém para nos ajudar o tempo todo. Ou – talvez pior – caducando a ponto de não nos lembramos do nosso próprio nome e não reconhecermos nossos próprios filhos.

Portanto, não se trata de simplesmente prolongar a vida, mas de prolongá-la com saúde, vivacidade, energia. Trata-se de viver até o fim sem depender de auxílio constante, seja de pessoas, seja de aparelhos. Esta é a meta.

Mas, para atingirmos esta meta, não podemos depender somente da medicina e de medicamentos. Eles podem nos ajudar aqui e ali, mas, no geral, precisamos tomar o rumo da saúde orgânica, aquela que nasce de dentro para fora e não de fora para dentro. Se fizermos esta opção pela saúde, temos que manter sob nossas vistas os quatro pilares da saúde: nutrição, ambiente, atividade física, controle de estresse.

 

Estresse

Não há vida sem estresse. Nosso organismo sabe lidar com ele e se fortalece ao enfrentá-lo e vencê-lo. Mas há um problema: ele não pode ser constante; não pode estar presente hora após hora, dia após dia, semana após semana. O estresse continuado e sem trégua corrói nossa saúde em várias frentes. As duas primeiras são a desregulação do sono e o enfraquecimento do nosso sistema de defesa.

Sem defesa eficaz, ficamos sujeitos ao ataque de vírus e bactérias e de todas as doenças que eles acarretam.

Sem dormir bem, o organismo entra em colapso como um todo. A começar pelo cérebro que não consegue mais desempenhar bem suas funções inconscientes de regulação e muito menos suas funções conscientes que nos dão racionalidade.

Se você sofre diferentes estresses de curta duração, você ficará mais forte. Mas, se você sofre com estresse continuado, persistente, você ficará mais fraco tanto física quanto mentalmente.

Por isto, se você quiser viver uma vida boa por mais tempo, livre-se do estresse persistente e durma um sono reparador todas as noites.

 

Atividade física

O corpo humano foi feito para a atividade. Cama só serve para dormir. Mesmo assim, só entre o escurecer e o alvorecer.

Ficar sentado também não é bom. Usar a cadeira e o sofá faz encurtar a musculatura, reduz circulação do sangue, limita a respiração, diminui a oxigenação, paralisa a circulação da linfa. Esta é uma receita para o desastre.

Atividade física não precisa ser exercício programado, praticado algumas horas por semana. Aliás, não deve ser. Atividade física significa movimentar-se. Movimentar-se o dia inteiro, andando, correndo, caminhando, carregando alguma coisa para a lá e para cá, levantando e baixando coisas, torcendo-se contorcendo-se para lá e para cá, vergando e endireitando a espinha, subindo e descendo escadas.

Se você quiser viver por mais tempo e com mais saúde, movimente-se. Use o corpo. Fuja das cadeiras e dos sofás. Use a cama somente à noite, para dormir (e dormir bem).

 

Ambiente

O ambiente em que vivemos está ligado à atividade física, ao estresse, ao ar que respiramos, a tudo. Bom ambiente significa termos ar e água de qualidade; significa paisagens agradáveis; significa local de trabalho tranquilo; significa uma casa simples mas confortável; significa ausência de odores e ruídos perturbadores.

Quem vive por longo tempo em ambiente poluído por elementos químicos e físicos e quem vive em ambiente agressivo, com ruídos altos e cheiros incômodos terá mais doenças e terá o tempo de vida reduzido.

 

Nutrição

O proprietário de um carro sabe que a qualidade da gasolina e do lubrificante são importantes para o bom desempenho e a maior durabilidade do seu veículo. No entanto, muitos de nós não temos a mesma consciência com relação à nossa própria alimentação.

Na hora de cuidar do carro procuramos a melhor gasolina e o melhor lubrificante; entretanto, não mostramos a mesma preocupação na hora de nos alimentarmos. Para a maioria das pessoas, o critério de escolha parece ser alta palatabilidade e facilidade de engolir. A preocupação é matar a fome e não nutrir-se. Em consequência, a humanidade está ficando gorda e desnutrida. Nos últimos 50 anos não passamos um ano sem que a média de peso da população não tenha aumentado. Em muitos países 75% das pessoas estão com excesso de peso. O Brasil avança para isto também.

Com este aumento de peso veio o aumento dos maiores matadores: doenças vasculares, câncer, AVCs, diabetes, Alzheimer. Todos estão ligados ao ganho de peso e à nutrição de má qualidade.

Conquanto todas estas doenças pareçam ter componentes genéticos, o fato determinante para que elas surjam e levem à morte está na falta de um ou mais dos pilares da saúde: nutrição, ambiente, atividade física, controle de estresse. As correlações estatísticas já estabelecidas no mundo não deixam dúvida quanto isto.

No entanto, é certo que a medicina não dispõe de nenhum medicamento, nenhuma pílula, nenhum comprimido que nos ajude a resolver esta questão. Ao contrário, o enfrentamento destes problemas com drogas farmacêuticas de baixa eficácia e alto risco têm apenas agravado um problema e criado outro.

O problema agravado é o do descuido com a nutrição. Quando mais se acredita em medicamentos menos de cuida da boa alimentação.

O problema criado é a iatrogenia, ou seja, a doença (ou morte) provocada pelo próprio tratamento médico. Segundo alguns analistas, a iatrogenia já é a terceira maior causa de morte nos países com medicina avançada. Mas isto é assunto para o próximo capítulo.

Fernando Cabral

Fernando Cabral é licenciado em Ciências Biológicas, advogado, auditor federal e ex-prefeito de Bom Despacho

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