Candidatos fogem de perguntas difíceis e negam entrevista

QUESTÕES FARIAM CANDIDATOS ENFRENTAREM O CONTRADITÓRIO

No dia 05/11/2020, o Jornal de Negócios propôs aos 4 candidatos a prefeito fazer uma entrevista para ser publicada na semana das eleições. A todos foi oferecido o mesmo espaço no jornal.

A entrevista tem 10 perguntas, enviadas por escrito. As 5 primeiras perguntas são as iguais para todos. Elas questionam o candidato sobre gestão pública, demandas de Bom Despacho, desafios trazidos pela Covid-19, propostas para diminuir o desemprego e a participação do vice no governo, caso eleito.

As outras 5 questões são específicas para cada candidato. Elas se baseiam na atuação política de cada um e nas suas propostas de governo.

A todos foi pedido que enviassem respostas objetivas, sem ofensas e nem críticas pessoais aos outros.

Também foi oferecido aos candidatos que, se quisessem, poderiam enviar uma foto de sua escolha para ilustrar a matéria.

O prazo limite para entrega das respostas foi dia 07/11/2020 às 15h00, pelo horário de Brasília/DF.

Justificativas

Todos os 4 candidatos confirmaram ter recebido as perguntas da entrevista.

Maurício Reis agradeceu mas não quis responder. Em mensagem enviada pelo whatsapp do Jornal, afirmou: “percebo que o jornal mais uma vez está agindo tendenciosamente nas perguntas finais. O Brasil precisa de imprensa séria que possa fortalecer a democracia, mas infelizmente o jornal não me passa essa credibilidade”.

Haroldo Queiroz respondeu através do assessor Acir Parreiras. Ele também agradeceu o convite e disse: “não vamos participar desta divulgação, porque entendemos que, mais uma vez, o informativo está agindo tendenciosamente, tendo em vista os questionamentos nas últimas cinco perguntas

Joice Quirino foi a última a responder. Mensagem assinada por sua coligação afirma que “considerando os ataques à pessoa da candidata e atenta a linha editorial que o Jornal adota, declinamos do convite”.

Bertolino da Costa respondeu às perguntas. Leia sua entrevista no site.

Interesse público

Todos os candidatos foram tratados com respeito e igualdade pelo Jornal. As perguntas apresentadas a cada um tratam de questões relevantes e de interesse público. São baseadas na sua conduta como agentes públicos e nas promessas que fazem.

Quem pretende assumir o cargo de prefeito tem o dever de dar satisfação aos eleitores.

A prerrogativa da imprensa é questionar. O dever do candidato é responder. Afinal, respondendo às perguntas eles estarão falando não para o jornal, mas para milhares de leitores que acompanham as versões impressa e digital do Jornal de Negócios.

Com média de 40.000 visualizações mensais no site, 12 mil seguidores no Facebook e mais de 6.600 seguidores no Instagram, o Jornal é visto por milhares de pessoas em Bom Despacho.

Em vez de usar o espaço oferecido pelo jornal para explicarem seus atos, dizer o que pensam e mostrarem como pretendem fazer o que prometem, Haroldo, Joice e Maurício optaram por criticar e não responder.

Fazer discurso é uma coisa. Responder perguntas baseadas em números, documentos e fatos públicos é outra. Perguntas que pedem respostas claras e transparentes; que obrigam o candidato a enfrentar o contraditório, assumir posição e dar explicações.

O candidato Bertolino da Costa foi o único dos 4 postulantes ao cargo de prefeito que enfrentou e respondeu às questões apresentadas.

 

PERGUNTAS NÃO RESPONDIDAS POR MAURÍCIO REIS

Impugnação

O senhor teve sua candidatura indeferida pela Justiça Eleitoral por estar com seus direitos políticos suspensos em decorrência de “condenação criminal transitada em julgado”. Para continuar em campanha, entrou com dois recursos no TRE (Tribunal Regional Eleitoral), mas a decisão de 1ª Instância foi mantida. Agora, ajuizou novo recurso para o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), em Brasília. Acredita que poderá reverter a situação? Como e por quê?

Bombeiros

Um dos itens do programa de governo protocolado pelo senhor na Justiça Eleitoral diz exatamente o seguinte: “Lutaremos para implantar aqui uma unidade do corpo de bombeiros”. Diz também que, se eleito, o senhor vai adquirir um caminhão “para combater incêndios e queimadas” na cidade.

O Corpo de Bombeiros foi inaugurado em Bom Despacho pelo então prefeito Fernando Cabral no dia 04.07.2018 – portanto, há mais de 2 anos. De lá para cá, os bombeiros atenderam milhares de ocorrências, socorreram pessoas em perigo, resgataram acidentados, salvaram vidas e combateram incêndios e queimadas por toda a cidade com caminhões próprios.

Como explica a sua promessa de “implantar” algo que já existe há tanto tempo em Bom Despacho?

Parque industrial

Na área de Desenvolvimento e Emprego, seu programa afirma o seguinte: “Criaremos o Parque Industrial de Bom Despacho, incentivando novas indústrias a se instalarem em nossa cidade”.

Parques ou distritos industriais exigem investimentos acima da capacidade financeira de municípios do porte de Bom Despacho. Dependem de investimentos estaduais e federais. É necessário comprar terreno, asfaltar e urbanizar, instalar rede elétrica de alta capacidade para uso industrial, garantir fornecimento de água em volume suficiente para consumo da indústria, montar sistemas de drenagem pluvial, esgotamento e tratamento de rejeitos, criar vias de acesso e outras benfeitorias, além de cumprir as exigências ambientais. Sem isso não atrairá empresas.

Qual é, no seu plano, a estimativa de custo desses investimentos? E de onde viriam os recursos financeiros para tal?

Terceirização

O senhor tem dito que Prefeitura deve ter frota própria de veículos, caminhões e máquinas. No seu plano de governo escreveu: “Não alugaremos veículos, a prefeitura irá adquirir toda a sua frota e cuidaremos dela, economizando assim milhares de reais todos os meses e ainda formando patrimônio de qualidade para o município”.

Especialistas em finanças ensinam que veículo não é patrimônio porque sofre depreciação; perde valor após a compra. Por isso, grandes, médias e pequenas empresas, concessionárias de serviço público, governo federal, governos estaduais e prefeituras de muitos outros municípios hoje alugam frota. Alugar sai mais barato que comprar, fazer manutenção e renovar a frota, dizem os especialistas. Outro argumento é que o objetivo da administração pública não é formar patrimônio, mas prestar serviços ao cidadão.

Ao elaborar sua proposta de comprar frota própria, o senhor apurou o gasto atual do município com locação? Qual é o valor desse gasto? Quantos carros são locados? E qual valor o município teria de investir para comprar e manter uma frota própria que substitua a alugada?

Horário dos servidores

Outra proposta do seu plano de governo é “Colocar em discussão com os servidores o horário de trabalho e funcionamento da Prefeitura: 08:00 às 18 horas ou 12:00 às 18:00 horas”.

O servidor é contratado para jornada de 8 às 18 horas. Trabalhar apenas na parte da tarde significa diminuir a carga horária do servidor.

Neste caso haveria redução salarial? Se o cidadão que paga impostos e custeia o serviço público pode ter seu horário de atendimento reduzido, ele não deveria ser consultado antes?

 

PERGUNTAS NÃO RESPONDIDAS POR HAROLDO QUEIROZ 

Acordo

A candidata Joice, que foi sua secretária de Saúde, tentou impugnar as candidaturas de Haroldo, Bertolino e Cabral. Como o pedido foi negado pela Justiça Eleitoral, ela entrou com recurso no TRE (Tribunal Regional Eleitoral). Depois voltou atrás e retirou o pedido de impugnação da sua candidatura.

Segundo uma fonte, a campanha de Joice teria proposto um acordo para que o senhor desistisse da disputa e desse apoio a ela. O senhor foi procurado? Houve essa proposta de fato?

Valor do IPTU

Uma das promessas da sua campanha é “rever os valores do I.P.T.U. e taxas municipais que estão altas e abusivas”. As alíquotas atuais do IPTU foram definidas pelo ex-prefeito Geraldo Simão através da Lei Municipal N° 1.950, de 30 de dezembro de 2003. Portanto, há 17 anos atrás. Desde aquela época as alíquotas não foram alteradas. Qualquer mudança de imposto tem que ser aprovada pela Câmara.

O senhor foi prefeito de 2005 a 2012. Por quê em 8 anos de mandato não enviou à Câmara um projeto alterando as alíquotas do IPTU?

Isenção de IPTU

Um dos itens do seu plano de governo é “buscar a isenção de IPTU para residências com área abaixo de 50m2, principalmente as residências do programa Minha Casa, Minha Vida”.

Qualquer isenção de imposto só pode ser dada através de lei aprovada pela Câmara Municipal. Além disso, a Lei de Responsabilidade Fiscal exige que o Executivo mostre de onde vai tirar o dinheiro que deixará de arrecadar com a isenção proposta.

Qual será o valor total do projeto de isenção de IPTU que o senhor pretende enviar à Câmara se for eleito? De onde o senhor pretende tirar o dinheiro para compensar esse valor?

Coleta seletiva

Outra promessa da sua campanha é “implantar a coleta seletiva de lixo” e “adequar o aterro sanitário às normas ambientais vigentes”. A coleta seletiva já existe em Bom Despacho. O desafio é conscientizar a população a separar o lixo doméstico para que a coleta dê bons resultados.

Já o aterro sanitário chegou no limite. Ele não comporta mais o lixo que recebe. Tanto que a camada de lixo e terra já está a alguns metros acima do solo. De acordo com especialistas, a questão não é adequar o aterro sanitário às normas ambientais, mas fechar o local e dar outra destinação às 60 toneladas de lixo recolhidas diariamente na cidade.

Diante disso, qual solução o senhor propõe para destinar essas 60 toneladas de lixo diárias respeitando as normas ambientais?

Hospitais

O senhor promete montar um hospital no antigo Sesc, continuar ajudando a Santa Casa e ainda construir um Pronto Atendimento no São Vicente. Mas especialistas, gestores e profissionais de saúde orientam que todo Pronto Atendimento tem que ficar junto de um hospital para poder atender acidentados, infartos, AVCs e outras situações graves que dependem de centro cirúrgico, Raio X, especialistas e outros recursos só existentes nos hospitais. Do contrário o Pronto Atendimento não terá meios de atender e salvar pacientes graves.

Como pretende resolver isso, caso volte à Prefeitura, já que no final da sua última gestão, em 2012, o único P.A. de Bom Despacho chegou a fechar alegando falta de recursos?

 

PERGUNTAS NÃO RESPONDIDAS POR JOICE QUIRINO

Isenção de IPTU

Uma das suas promessas de campanha é isentar de IPTU quem tem renda de até 1 salário mínimo e residência com no máximo 60m2 de construção. Como é sabido, qualquer isenção de imposto só pode ser dada através de lei aprovada pela Câmara Municipal. Além disso, a Lei de Responsabilidade Fiscal exige que o Executivo mostre de onde vai tirar o dinheiro que deixará de arrecadar com a isenção proposta.

Qual será o valor total do projeto de isenção que a senhora pretende enviar à Câmara se for eleita? De onde pretende tirar o dinheiro para compensar esse valor? Como a senhora afirma que a isenção “começa a tornar realidade em 2021”, como divulgou, se isso depende de aprovação da Câmara?

Extinção de serviços no CAC

Pouco depois de tomar posse como presidente da Câmara, em 2019, a senhora extinguiu os serviços de Psicologia e Assistência Social que funcionavam no CAC (Centro de Atendimento ao Cidadão). Qual foi o motivo para acabar com serviços que atendiam a população?

Gastos da Câmara

Matéria publicada pelo JN mostra que na sua gestão a Câmara bateu recorde de gastos. Depois da reportagem publicada, a senhora divulgou que no final deste ano vai devolver dinheiro para a Prefeitura. Sua campanha também divulgou que “Joice é a presidente que mais devolveu dinheiro para a Prefeitura nos últimos 8 anos”.

Entretanto, não falou nada sobre o gasto recorde de dinheiro público.

Em 2019 a Câmara gastou R$ 3.470.000,00. Em 2020, mesmo que a senhora devolva o valor anunciado de R$ 1.889.515,61, ainda assim o gasto passará de R$ 3,6 milhões. Um total de R$ 7,1 milhões na sua gestão. O maior valor da história.

Com o quê a Câmara gastou tanto dinheiro em 2019 e 2020, se a quantidade de servidores é praticamente a mesma e a senhora ainda cortou serviços prestados pelo DAC?

Hemodiálise na Santa Casa

Em junho, a Prefeitura enviou projeto urgente à Câmara propondo abertura de crédito com o objetivo de contratar empresa que faça estudo técnico para montar Hemodiálise e Centro de Imagens na Santa Casa. A proposta – feita por indicação de 6 vereadores – é criar esses serviços na Santa Casa para que ela receba o dinheiro do SUS que hoje é repassado a clínicas particulares – atualmente cerca de 350 mil reais por mês.

Entretanto, passados 5 meses a senhora não colocou o projeto em votação. Por quê?

BDPrev

Cálculos atuariais mostram que o BDPREV vai quebrar se as contribuições dos servidores não forem ajustadas. O problema afeta os institutos de previdência do país. Por isso, desde 2019 a legislação federal exige que os municípios elevem as contribuições do funcionalismo para no mínimo 14%. No dia 20/7 a Câmara de Bom Despacho rejeitou o projeto que fazia esse ajuste. Palavras da senhora: “faremos o possível para rever esse aumento”. Mas nada foi feito pela Câmara.

De acordo com a legislação, se o BDPREV quebrar, a Prefeitura terá que tirar dinheiro de obras e outras áreas para pagar as aposentadorias. E o município ainda ficará impedido de receber repasses federais. Por quê a senhora disse ser contra o ajuste das contribuições? Que medidas propõe para resolver esse problema?

 

PERGUNTAS IGUAIS PARA TODOS TAMBÉM FICARAM SEM RESPOSTAS

  • Na sua opinião, quais ações e iniciativas caracterizam uma gestão moderna, eficiente e transparente nos dias de hoje?
  • Quais são, especificamente, as principais demandas e necessidades de Bom Despacho na atualidade?
  • O que o levou a escolher seu vice? Caso eleito, qual será a participação do vice na sua gestão? Ele assumirá alguma secretaria ou função executiva? Qual?
  • Na sua opinião, com os problemas causados à economia pelo Covid-19, qual será o maior desafio de quem assumir a prefeitura de Bom Despacho a partir de 2021?
  • Desemprego é um problema que hoje preocupa a maioria dos brasileiros. Cite 5 (cinco) medidas concretas que, se eleito, a administração municipal tomará para incentivar a geração de emprego e renda no município.

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