Dai a César o que é de César: o Cobertor de orelha
Muitas figuras do mundo da fantasia, pois é assim que vejo tipos considerados no mínimo esquisitóides, já transitaram por nossas ruas outrora empoeiradas, povoadas de cavaleiros, tropas de burros, carros de bois, agora entupidas de automóveis, motos, mulheres, crianças, velhos, bicicletas e cachorros. Por estas ruas vimos desfilar a Júlia Doida, o Romeu das Latinhas, a Futrica, o Ministro Bode, o João Sapato, cuja existência quixotesca já foi registrada em prosa e verso por nossos escrevinhadores.
Pois bem, estamos vivendo o auge das reinações do Cláudio cego e do ex-Homem do Saco, agora transformado no mais augusto César das ruas solarenses. Via-o de vez em quando, rosto coberto pela burca da camiseta encardida e esburacada, na Rua Vigário Nicolau, a navegar nos mares endiabrados de altas indagações filosóficas, estimulado pelo Mário Morais, que muito se divertia com a soberba intuição do Homem do Saco. Claro que, no final, saía o chorado e custoso Real, único objetivo desse personagem brotado, quem sabe, de algum livro de ficção ainda inédito.
Desço toda tarde a Rua Faustino Teixeira, rumo à Panolli, para buscar o meu pão de cada dia ou, mais precisamente, a rosca caipira que me faz lembrar as quitandas da minha avó, a saudosa Dona Adelina do Jonas do Espírito Santo. Este, o famoso maquinista da 207, da antiga RMV; Rede Mineira de Viação, a Ruim Mas Vai. Entre lembranças da velha estação ferroviária, das oficinas que por ali existiam, da figura do maquinista Jonas, azeitando a sua locomotiva, a mais lustrosa de toda a companhia, deparo com o nosso César. Não usa mais a burca; ele mesmo é que assim denominou a fralda da sua camiseta sempre em estado deplorável.
O que me chama a atenção agora é o seu cachorro. Um vira-lata evidentemente, mas exibindo pompa e majestade. É altivo e dócil. Não resisto e, antes de dar a César o Real implorado, faço ao nosso augusto imperador, a pergunta banal que todo mundo faz:
– Qual é o nome do cachorro, César?
A resposta veio pronta:
– Cobertor!
Ele viu o meu espanto.
– É Cobertor. Ele me dá cobertura, enquanto trabalho…
Perguntei se podia tirar uma foto do seu fiel escudeiro. César não entendeu e pensou que eu queria comprar o Cobertor e ficou bravo.
– O Cobertor eu não vendo por dinheiro nenhum, nem 100 mil dólares. Já teve um americano interessado, mas não vendo. Ele dorme comigo na mesma cama, come no meu prato.
Fiquei sem saber se desfazia o equívoco ou se seguia o meu caminho. Na minha hesitação, César pôs-se a afagar o Cobertor e segredar-lhe palavras de carinho.
– Não é, Cobertorzinho, vendo ocê não… ele é meu Cobertor quentinho…Meu Cobertor… de orelha.
Gostaria de ver fotos destes componentes de minha familia ,Adelina era irmã da minha avó Anna Candida de Castro(Sinhana),alguns membros conheci com Berli,.Juju,Lia,Emilio,Alcindo,e Tia Adelina que quando vinha a Oliveira(sua terra natal)hospedava junto a irmã Sinhana que ela chamava de Nãnã,que foi quem criou ela tanto tempo depois o Berlim tambem morou aqui em Oliveira.Por essa razão e saudade dos que conheci principalmente da minha amada Tia Adelina gostaria de ver fotos.
Boa tarde. Agradecemos seu contato. Infelizmente, o Jornal não tem foto dessas pessoas.
Oi, Guilherme. Favor entrar em contato comigo no 37 988131230 ou no lucemiro@yahoo.com.br