A 1ª viagem com meus sogros e o encontro com o Bicho-preguiça
No dia 14 de setembro, voltei de duas semanas viajando por Minas Gerais e pela Bahia. Esta foi minha primeira viagem em companhia de meus sogros e, claro, minha namorada bom-despachense esteve junto. O objetivo era participar do aniversário de dois anos do sobrinho dela, na Bahia. Saímos de carro de Bom Despacho no último dia de agosto e fomos até Diamantina. Passamos a noite nesta bela cidade histórica, com deliciosos restaurantes e enormes e íngremes ladeiras. No dia seguinte, pegamos o carro, já em companhia de um de meus cunhados, e fomos até Porto Seguro, cidade praiana deliciosa e origem da invasão portuguesa nesta terra virgem e repleta de centenas de tribos indígenas, os donos originais deste país.
Depois de passar um dia em Porto Seguro, fomos a Santo André, lugar que ficaríamos por duas semanas, um lugarejo que pertence à cidade de Santa Cruz de Cabrália. O Acesso a Santo André é por balsa, usando o Rio João Ditiba como “estrada”, apesar de haver uma possibilidade de evitá-la dando uma volta enorme por terra.
Santo André é um paraíso no sul da Bahia, ainda bastante preservado, apesar de podermos ver sinais claros de desmatamento avançando pela região. Na casa de meu cunhado em Santo André é possível acessar ao rio e ao mar, com poucos metros separando um do outro. Um paraíso terrestre, quase literalmente.
Em Santo André fiz o que tenho feito em Bom Despacho, ou seja, correr diariamente para conhecer a região. No primeiro dia, corri entre dois povoados: saí de Santo André e fui até Santo Antônio e voltei. No total, foram 19 quilômetros de puro prazer. Mas, esta distância toda foi realizada em estrada de asfalto e sob forte calor.
Minha concunhada, mãe do aniversariante, conhecedora do local, me sugeriu não mais correr pela estrada de asfalto, mas utilizando uma estrada de chão que sai de Santo André e chega a Barrolândia, uma pequena cidade na região.
No dia seguinte, segui o conselho de minha concunhada e corri os mesmos 19 quilômetros, mas por uma estrada de chão, com muito mais árvores, mais sombras, mais natureza. Foi a melhor dica que recebi nos últimos anos.
Depois de correr uns cinco quilômetros, vi um objeto parecendo um pequeno tronco de árvore e tentei desviar dele. Enquanto desviava um pouco meu percurso, percebi que o tronco tinha movimento. Parei e me aproximei. Era uma preguiça. Entrei em delírio!
Eu, paulistano que sou, nunca tinha visto um animal tão mítico como uma preguiça na natureza. Tremendo de emoção, tirei meu celular do bolso, liguei a câmera e comecei a filmar a preguiça tentando sair da estrada de chão e entrar no meio da mata virgem.
Fiz uma pequena narração no vídeo, contando que estava correndo e que tinha me deparado com a preguiça. Não contive as lágrimas. Para um paulistano, que só vê pombos e ratos em seu dia a dia, chegar a centímetros de uma preguiça é algo emocionante.
Apesar de ter tido forte impulso para ajudar a preguiça a sair da estrada, me contive, sabendo que quanto menos interferirmos na natureza, melhor é. Filmei a preguiça fazendo um grande esforço, saindo da estrada e subindo em uma árvore. Emoção pura!
Fiquei tão alterado por ter encontrado e visto uma preguiça tão de pertinho, que bati meu recorde pessoal de tempo de corrida. De verdade, corri muitos quilômetros tão emocionado que nem vi que estava acima de minha velocidade habitual.
Ter encontrado esta preguiça foi uma das coisas mais emocionantes de minha vida.
Mas nem tudo foi perfeito: após encontrar e filmar este incrível animal, deixei meu celular cair e ele quebrou. Pior ainda, não havia mostrado o vídeo para ninguém, ou seja, era possível que ninguém acreditasse em minha aventura. Felizmente, consegui recuperar meu celular e o vídeo da preguiça.
Nos dias seguintes, continuei correndo e conhecendo Santo André. Também passei a conhecer muito melhor a meu sogro e a minha sogra, bem como a meu cunhado e minha concunhada. Foram duas semanas de aprofundamento em nossas relações, tanto em minha relação com Santo André, como na relação familiar.
Tive a chance de verificar pessoalmente a evolução de meu sogro, enfrentando seus problemas do medo de viajar, o apoio dado pela família, o empenho de todos para que tudo se resolva.
Tenho algumas certezas tiradas desta viagem: nunca mais vou me emocionar tanto ao encontrar um animal tão lindo quanto a preguiça; dificilmente vou acompanhar um esforço tão grande de uma pessoa para vencer seus medos como o que vi em meu sogro; raramente vou ver uma família tão perfeita como a de minha namorada bom-despachense, disposta a apoiar meu sogro a superar seus medos para sair de sua cidade e que hoje está ganhando o mundo.
Adorei misturar Minas Gerais e Bahia nesta viagem. Valeu muito a pena encontrar a preguiça e ver que preguiça não faz parte da vida da família de minha namorada bom-despachense.